O ministro da Saúde, Joe Phaahla, que visitou na manhã de hoje o Hospital Charlotte Maxeke, em Joanesburgo, adiantou à imprensa que o Governo está a considerar uma ação legal, salientando que os óbitos "podem ser atribuídos diretamente à greve", sem avançar detalhes.
O governante sul-africano avançou ainda que os funcionários públicos em greve "não vão receber salário" este mês, invocando a regra "sem trabalho, não há pagamento", sublinhando que haverá "ações disciplinares ou mesmo legais".
O Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Educação, Saúde e Afins (Nehawu), que exige um aumento salarial de 10%, continuou hoje pelo quarto dia uma paralisação nacional do setor, afetando o acesso de pacientes a hospitais, consultas médicas e fármacos no país, que enfrenta cortes de eletricidade sem precedentes, noticiou a imprensa sul-africana.
Em Joanesburgo, vários pacientes internados no Hospital Charlotte Maxeke receberam alta sem aviso prévio, enquanto outros foram retirados, na quarta-feira, após terem sido informados pelo sindicato sobre a sua alegada "insegurança" no hospital durante os protestos.
O sindicato Nehawu recorreu a uma interdição da Justiça interposta pelo Governo para parar a greve.
Na província sul-africana de KwaZulu-Natal, sudeste do país, os protestos dos profissionais da Saúde afetos ao Nehawu tornaram-se violentos na quarta-feira.
Um grupo de enfermeiras atacou alegadamente uma ambulância que transportava uma criança gravemente doente, tentando retirar a criança do veículo no hospital de Stanger, segundo uma porta-voz da unidade hospitalar.
As autoridades provinciais de Saúde alertaram os membros do sindicato Nehawu no sentido de "desistirem de bloquear o acesso a estabelecimentos de saúde".
O partido de esquerda radical Economic Freedom Fighters (EFF), na oposição, anunciou uma "paralisação total" da economia do país no próximo dia 20 de março, véspera do feriado nacional em que a África do Sul democrática assinala como Dia dos Direitos Humanos o massacre de 69 manifestantes em 1960 pela polícia do regime de "apartheid", em Sharpeville, sul da província de Gauteng.
"Apelamos ao povo da África do Sul a se juntar a nós em massa no 'National Shutdown' para exigir a nossa eletricidade de volta", publicou hoje o partido EFF na rede social Twitter, acrescentando: "nunca podemos permitir e nunca devemos permitir que sejamos conduzidos à idade das trevas por um Presidente incompetente e inútil. Ramaphosa deve sair".
A ação do partido do líder radical Julius Malema, antigo dirigente da Juventude do Congresso Nacional Africano (ANC), no poder desde 1994, e aliado do ex-presidente Jacob Zuma, contará com a adesão da Federação dos Sindicatos da África do Sul (SAFTU, na sigla em inglês), segundo a imprensa sul-africana.
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