Atacar central nuclear é "brincar com o fogo", avisa diretor da AEIA
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) alertou hoje novamente para os perigos dos ataques à central nuclear ucraniana de Zaporíjia, avisando que um dia a sorte pode virar.
© Lusa
Mundo Guerra na Ucrânia
"Estamos a brincar com o fogo e a permitir que a situação continue, mas um dia a nossa sorte vai mudar", avisou Rafael Grossi perante o Conselho de Governadores do órgão da ONU, em Viena.
Vários ataques realizados pela Rússia durante a madrugada de hoje atingiram cidades da Ucrânia e deixaram a central nuclear de Zaporijia, ocupada pelo exército russo, no sul da Ucrânia, sem ligação à rede elétrica, como anunciou o operador da central, advertindo para o risco de acidente.
"A última linha de comunicação entre a central nuclear ocupada de Zaporijia e a rede elétrica ucraniana foi cortada devido aos ataques" russos, indicou, em comunicado, a Energatom, precisando que são os geradores de emergência a gasóleo que estão a garantir a alimentação mínima da central.
O diretor da AIEA, que está a realizar consultas com Kiev e Moscovo há vários meses, sem sucesso, para estabelecer uma zona de proteção ao redor do local, pediu hoje a participação da comunidade internacional.
"Temos de nos comprometer a proteger a segurança do local e temos de nos comprometer agora", afirmou, acrescentando sentir-se surpreendido com a atual passividade.
"O que é que estamos a fazer para prevenir um acidente na maior central nuclear da Europa?", questionou.
Também a França alertou hoje para o risco dos ataques à central nuclear, tendo a porta-voz do Ministério dos Negócios francês, Anne-Claire Legendre, classificado a situação como "um risco inaceitável para a segurança nuclear".
Segundo a equipa da AIEA na central, o local ficou sem rede elétrica "por volta das 05:00", pela primeira vez desde novembro, mas pela sexta vez desde o início da guerra.
Segundo a Energoatom, o incidente aconteceu "por causa dos ataques de mísseis russos" e os 20 geradores de emergência que foram ativados só conseguem garantir o mínimo de energia necessária durante 15 dias.
A eletricidade é essencial para o funcionamento das bombas da central, já que garantem a circulação da água para refrescar o combustível dos núcleos dos reatores e evitar um acidente de fusão e a libertação de radioatividade no ambiente.
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