"O trágico naufrágio ao largo da costa de Crotone é um forte lembrete da necessidade de encontrar soluções reais e viáveis para gerir melhor a migração e combater o tráfico de migrantes", referiu Charles Michel na carta divulgada pela agência de notícias italiana AdnKronos.
Michel sublinhou que, em 09 de fevereiro, o Conselho Europeu manifestou a sua intenção de "desenvolver uma resposta europeia adequada ao complexo fenómeno das migrações".
"Acordámos uma série de medidas práticas e concretas no domínio do reforço da ação externa, da cooperação em matéria de regresso e readmissão, do controlo das fronteiras externas da União Europeia (UE), da luta contra a exploração e tráfico de migrantes", salientou.
Segundo o dirigente europeu, é "imperativo que os legisladores continuem o seu trabalho" sobre o Pacto para a Migração e o Asilo, em consonância com o roteiro conjunto do Parlamento Europeu e das presidências rotativas do Conselho para a adoção de propostas antes do final desta legislatura.
"A rápida implementação das medidas acordadas é uma prioridade para todos nós e conto firmemente com a Itália neste ponto. Trabalhando em conjunto e agindo de forma decisiva, temos de evitar a repetição de tragédias tão terríveis como a da costa da Calábria", escreveu Charles Michel.
Na resposta, o Governo italiano publicou um comunicado expressando "os seus mais sinceros agradecimentos pelas palavras" de Michel, que "estão em total sintonia com a ação do Governo italiano na Europa para gerir melhor a migração e a luta contra o tráfico de migrantes", destaca a imprensa italiana citada pela agência Europa Press.
Para o executivo italiano, a "determinação do presidente Michel em implementar rapidamente o que foi acordado no Conselho Europeu de fevereiro representa mais um passo em frente antes do Conselho Europeu de março".
A Guarda Costeira de Itália anunciou ter socorrido hoje mais de 1.300 migrantes que se encontravam em embarcações precárias ou à deriva no Mediterrâneo central, menos de duas semanas depois de um mortífero naufrágio na costa sul do país.
As operações de resgate foram realizadas no mesmo dia em que foi encontrado o corpo da 74.ª vítima - uma menina de cinco ou seis anos - da tragédia ocorrida há quase duas semanas ao largo de Crotone.
O naufrágio chocou a Itália e gerou fortes críticas ao Governo de extrema-direita de Giorgia Meloni, eleito com base num programa político em que também apoia uma linha anti-imigração.
Itália é abrangida pela chamada rota do Mediterrâneo central, uma das rotas migratórias mais mortais, que sai da Líbia, Argélia e da Tunísia em direção à Europa, nomeadamente aos territórios italiano e maltês.
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