A posição da Rússia de estender o acordo de cereais do Mar Negro apenas por 60 dias "contradiz o documento" assinado pela Turquia e pela ONU, segundo afirmou o vice-primeiro-ministro da Ucrânia, Oleksandr Kubrakov.

"O acordo envolve pelo menos 120 dias de extensão, portanto a posição da Rússia de estender o acordo apenas por 60 dias contradiz o documento assinado pela Turquia e pela ONU", afirmou Kubrakov numa publicação na rede social Twitter, referindo ainda que se aguarda "a posição oficial" de ambos.

Esta segunda-feira foi o primeiro dia de negociações entre a Rússia e representantes das Nações Unidas, em Genebra, na Suíça.

A Ucrânia, as Nações Unidas e a Turquia acordaram com Moscovo - no dia 17 de novembro do ano passado - a extensão do acordo "Iniciativa para o transporte seguro de produtos agrícolas através do Mar Negro" - que ajudou a estabilizar o impacto do aumento global dos preços dos alimentos - por um período de 120 dias.   

#BlackSeaGrainInitiative agreement involves at least 120 d. of extension, therefore Russia’s position to extend the deal only for 60 d. contradicts the document signed by Turkey & the UN. We’re waiting for the official position of @UN & Turkey as the guarantors of the initiative pic.twitter.com/TPhpaHUdhg

— Oleksandr Kubrakov (@OlKubrakov) March 13, 2023

O início do pacto ocorreu a 22 de junho de 2022 sendo que o primeiro navio com cereais ucranianos zarpou do porto de Odessa, no Mar Negro, a 1 de agosto. 

O acordo atual é válido até 18 de março, dia em que deve ser formalizada a renovação pelas duas partes, mas ainda não existem garantias totais sobre a extensão do pacto.

Contudo, o Kremlin espera que haja mudanças no funcionamento do acordo, considerando que este deve ser modificado no futuro. Por isso, deu indicações à delegação russa que está a participar nas negociações para não aceitar propostas de prolongamento que vão para além de 60 dias.

De recordar que o transporte de cereais e outros produtos agrícolas ucranianos é drasticamente afetado pela invasão militar da Rússia iniciada em fevereiro do ano passado. 

A chamada Iniciativa dos Cereais do Mar Negro envolve verificações marítimas de carga por funcionários da ONU, russos, ucranianos e turcos para garantir que apenas alimentos - e não armas - estejam a ser transportados.

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