Acordo de submarinos é "maior investimento militar" da Austrália
A Austrália está a realizar "o maior investimento da sua história" com a aliança AUKUS, que permitirá comprar submarinos nucleares norte-americanos antes de participar na construção de uma nova geração destes aparelhos, sublinhou hoje o primeiro-ministro, Anthony Albanese.
© Martin Ollman/Getty Images
Mundo Austrália
Este projeto, realizado em cooperação com os Estados Unidos e o Reino Unido, vai "apoiar a economia australiana durante décadas" e criar "cerca de 20 mil empregos diretos" no país, frisou o chefe do Governo australiano.
Anthony Albanese falava em San Diego, no Estado da Califórnia, ao lado do Presidente norte-americano Joe Biden e o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak, que se reuniram para formalizar o projeto, como parte da nova aliança militar AUKUS que junta Estados Unidos, Austrália e Reino Unido e que foi formalizada em setembro de 2021.
Esta é a primeira vez em 65 anos que os EUA partilham a sua tecnologia de propulsão nuclear, com Albanese a agradecer aos norte-americanos por isso.
Já Joe Biden, numa tentativa de suavizar as dúvidas deste acordo face às tensões com a China, realçou que os submarinos são "propulsionados por energia nuclear, não armados com armas nucleares".
"Esses barcos não terão nenhuma arma nuclear de nenhum tipo", frisou também durante a cerimónia ao ar livre.
Por sua vez, Sunak considerou o AUKUS "a parceria de defesa multilateral mais significativa em gerações".
O primeiro-ministro britânico sublinhou que o Reino Unido também partilhará os seus 60 anos de experiência no comando da sua própria frota de submarinos com os engenheiros australianos para que estes "possam construir a sua própria frota".
Este programa decorrerá em três fases, tinha explicado antes o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, em declarações aos jornalistas.
Primeiro, haverá uma fase de familiarização da Austrália - que não possui submarinos movidos a energia nuclear, nem tecnologia nuclear, seja militar ou civil - com estes equipamentos, através do "treino de marinheiros, engenheiros ou técnicos", especificou Sullivan.
O objetivo é ter "implantações" de submarinos norte-americanos e britânicos na Austrália durante a década, frisou.
Numa segunda etapa, a Austrália vai comprar três submarinos movidos a energia nuclear da classe Virginia dos EUA, com opção de compra de mais dois, sendo que estes deverão ser entregues a partir de 2030.
Por fim - na terceira e mais ambiciosa etapa do programa - Estados Unidos, Austrália e Reino Unido vão unir forças para uma nova geração de submarinos, denominados SSN-AUKUS.
Os submarinos movidos a energia nuclear são difíceis de detetar, podem viajar grandes distâncias por longos períodos de tempo e podem transportar mísseis de cruzeiro sofisticados.
Este programa representa para os Estados Unidos "um compromisso ao longo de décadas, e talvez até de um século", sublinhou o conselheiro nacional de segurança.
O objetivo, garantiu, não é "ir para a guerra" mas "dissuadir qualquer conflito".
Questionado repetidamente sobre as críticas da China, Sullivan assegurou que Washington já tinha levantado esta assunto diretamente a Pequim e não apanhou ninguém de surpresa.
"Estamos muito tranquilos quanto à forma como concebemos a aliança AUKUS", assegurou Jake Sullivan, para quem o objetivo dos Estados Unidos é garantir "a paz e a estabilidade na região do Indo-Pacífico".
Apesar da nova parceria militar ser ambiciosa, esta já resultou em contratempos.
A aliança AUKUS levou à rescisão por Camberra do contrato de aquisição de 12 submarinos franceses, o que gerou, em 2021, uma crise diplomática, com a França a apontar "traição" aos aliados.
Desde então, o caso foi resolvido, através de intensas manobras diplomáticas, incluindo uma visita de Estado do Presidente francês Emmanuel Macron aos Estados Unidos, no início de dezembro
A indignação da França deu principalmente lugar às críticas da China, que está num braço de ferro com os Estados Unidos pela influência económica e estratégica no Indo-Pacífico.
Ainda antes dos anúncios da aliança AUKUS, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês apelou aos três países para que "abandonem a mentalidade da Guerra Fria" e "façam mais coisas para encorajar a paz e a estabilidade regionais".
Leia Também: EUA, Reino Unido e Austrália unem forças para nova geração de submarinos
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