O presidente russo, Vladimir Putin, sugeriu que o Reino Unido e os restantes países europeus que enfrentam uma crise de segurança alimentar e de aumento do custo de vida poderiam ir “à Rússia buscar nabos”, numa referência às declarações proferidas pela ministra do Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais britânica, Thérèse Coffe, que, no mês passado, indicou que a população poderia substituir alimentos como alface, pimentos e tomate por nabos caseiros.
“Analistas estrangeiros previam uma depressão e um declínio do setor de consumo, prometeram prateleiras vazias, uma escassez massiva de mercadorias e o colapso do setor de serviços, [mas] a vida tinha outras ideias”, disse o chefe de Estado, esta quinta-feira, no âmbito de uma reunião realizada em Moscovo com membros do Sindicato dos Empresários Russos.
Ao mesmo tempo que assinalava que a economia russa segue firme, apesar das sanções aplicadas por diversos países ocidentais face à guerra na Ucrânia, Putin ressalvou que, para os aliados de Kyiv, “chegou a um ponto em que os seus líderes sugerem que os cidadãos comam nabos em vez de alface ou tomates”, cita o The Independent.
“O nabo é um bom produto, mas provavelmente também teriam de ir buscar nabos à Rússia, porque as nossas colheitas excedem significativamente os números dos nossos vizinhos na Europa”, disse, em tom jocoso, segundo o The Guardian.
O presidente russo referia-se à sugestão feita pela ministra do Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais britânica de trocar certos alimentos por vegetais sazonais, como nabos, que têm sido associados a períodos menos prósperos.
Recorde-se que o chefe de Estado apelou, também esta quinta-feira, aos grandes empresários do país para que invistam na economia, prometendo que o que aplicarem agora "terá compensações em triplicado" no futuro, apesar das sanções ocidentais. Na sua ótica, os setores onde devem ser feitos mais investimentos são a indústria manufatureira, o turismo doméstico ou as marcas locais.
Segundo Putin, apesar das sanções ocidentais impostas na sequência da invasão e consequente guerra na Ucrânia, existem "grandes oportunidades" no país em praticamente "qualquer área de atividade" e para todos os negócios.
O presidente russo admitiu, no entanto, que há uma série de problemas "relacionados com a logística, as finanças, as infraestrutura e a tecnologia" que ainda tem de ser resolvida, além de ter reconhecido, esta semana, haver perigo de, a médio prazo, se registar um impacto negativo na economia nacional devido às sanções ocidentais.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram mais de 8.231 civis desde o início da guerra e 13.734 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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