Analistas russos aplaudem China assertiva pronta a "travar" os EUA
A visita do presidente chinês a Moscovo, na próxima semana, foi hoje aplaudida por analistas russos, que sublinharam a maior assertividade da China nas relações internacionais e disponibilidade para "travar" os Estados Unidos.
© Reuters
Mundo China/EUA
No programa Grande Jogo, transmitido hoje pelo Primeiro Canal e um dos de maior audiência no país, Ivan Safrantchuk, director do Centro de Pesquisas Centro-asiáticas do Instituto de Relações Internacionais de Moscovo, defendeu que o encontro entre o líder russo Vladimir Putin e o homólogo chinês Xi Jinping "prenderá a atenção de todo o mundo, ocidental ou não".
"Durante os últimos anos, a evolução da China foi extraordinária, tendo passado de uma posição muito reservada, à sombra, a uma posição resoluta, assumindo na política externa opções bem determinadas e definidas", disse Safrantchuk.
A China, adiantou, já não "arredonda os ângulos, já não silencia seja o que for, fala de um modo extremamente aberto e claro", clamando: "Pára, América, antes que dês cabo disto tudo!".
Nos últimos dois anos, afirmou ainda, registaram-se manobras "histéricas para recolocarem a China no mundo de mentiras norte-americanas", mas Pequim "aguentou essa pressão e, agora, após a reeleição de Xi Jinping, "abraçou definitivamente a paz", uma "paz justa", afastando-se daqueles que "procuram arrastar o mundo para o abismo de uma III Grande Guerra e a desestabilização total".
Xi Jinping vai visitar a Rússia na próxima semana, anunciou hoje o ministério dos Negócios Estrangeiros da China.
"A convite do presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, o presidente Xi Jinping vai realizar uma visita de Estado à Rússia, entre 20 e 22 de março", disse o ministério, em comunicado, sem avançar mais detalhes.
Os dois líderes reuniram-se pela última vez em setembro passado, à margem da cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), no Uzbequistão.
No mesmo programa do Primeiro Canal russo, Ilia Kiva, deputado da Rada Suprema da Ucrânia (2019-2022), defendeu que o "Ocidente não notou como se foi formando uma nova aliança, que está a impor as suas condições", composta, entre outros, por Índia, Coreia do Norte, Emirados Árabes Unidos, Brasil e vários países do continente africano.
"E, quando o Ocidente dizia que falava em nome de todo o mundo, menos da Rússia, vemos agora a verdade", proclamou.
Na opinião de Kiva, o Ocidente, "concentrado nos acontecimentos da Ucrânia, não notou como cresceu um novo jogador da arena mundial", a China, e a Rússia hoje assume outra posição: "Não vamos tolerar mais as ameaças e agressões da NATO".
O anfitrião do programa, Viatcheslan Nikov, frisou que a data da visita de Xi é "simbólica": Há 10 anos, mais precisamente no dia 21 de Março de 2013, o Presidente chinês, que "acabara de ser eleito", escolheu a Rússia para a sua "primeira visita oficial".
Agora, no início de um inédito terceiro mandato, aterrará em Moscovo para se encontrar com Putin, pouco tempo depois de se marcar o primeiro ano da invasão russa da Ucrânia, em relação à qual a China tem assumido uma postura favorável a Moscovo e contrária à dos países ocidentais.
Prosseguindo nas críticas ao Ocidente, e recorrendo ao exemplo dos protestos em França contra a reforma da segurança social, o moderador citou o dramaturgo inglês Bernard Shaw: "A democracia é um balão que penduraram por cima das nossas cabeças para, enquanto olhamos para ele, nos meterem as mãos nos bolsos".
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