"Vamos limpar a PDVSA de todos estes mecanismos com medidas de reestruturação ao mais alto nível, como já começámos. Da mesma forma com os casos da magistratura", disse Nicolás Maduro.
O governante falava em Caracas, durante uma reunião da direção do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo) que teve como tema central a investigações de corrupção contra cidadãos que ocuparam cargos no poder judicial, na indústria petrolífera e em alguns municípios do país, e que já motivaram pelo menos sete detenções.
"Demos o primeiro golpe, um golpe poderoso contra os mafiosos, que levei a cabo pessoalmente, com a colaboração ativa e unida do alto comando político. Liderei todas as investigações sobre corrupção e vamos pôr fim às máfias que se enquistaram em setores importantes do aparelho económico", sublinhou.
Maduro explicou que as investigações começaram em outubro e novembro, as quais revelaram "pistas importantes dos mecanismos de funcionamento" de "máfias" que se incrustaram na empresa estatal Petróleos da Venezuela SA (PDVSA), na Superintendência Nacional de Criptoativos e Atividades Conexas (Sunacrip) e no Poder Judicial.
E defendeu que "o castigo tem que ser exemplar com todos os bandidos, com todos os mafiosos" e que há que garantir que que "prevaleça a verdade". "Nada, nem ninguém nos impedirá de castigar esta máfia", frisou Nicolás Maduro, que pediu aos venezuelanos união para avançar.
O Presidente da Venezuela explicou que aceitou o pedido de demissão do ministro de Energia e Petróleo, Tareck El Aissami, "para facilitar todas as investigações".
Tareck El Aissami anunciou na segunda-feira a demissão através da rede social Twitter, tendo-se disponibilizado para ajudar em eventuais investigações à empresa PDVSA e tendo oferecido apoio à campanha anticorrupção do Presidente.
Na semana passada, a Polícia Nacional Anticorrupção (PNAC) da Venezuela anunciou que estava em curso uma investigação que envolvia funcionários públicos da indústria petrolífera, do sistema judicial e de alguns municípios.
O Ministério Público (MP) da Venezuela nomeou cinco procuradores para investigar o envolvimento de altos funcionários públicos em atos de corrupção que já levaram à detenção de, pelo menos, sete pessoas.
Em comunicado, o MP afirmou ter sido notificado pela PNAC da detenção de "um grupo de funcionários públicos alegadamente envolvidos em atos graves de corrupção".
Segundo a imprensa venezuelana, foram detidos o presidente do Circuito Judicial Penal de Caracas e magistrado suplente da Sala Constitucional do Supremo Tribunal de Justiça e um juiz com funções contra o terrorismo, para além do chefe da Superintendência Nacional de Criptoativos e Atividades Conexas (Sunacrip), no âmbito de uma investigação após terem desaparecido mais de três mil milhões de dólares provenientes da venda de petróleo.
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