Agência do Brasil destaca "ambiente novo" na relação com a China

O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX), Jorge Viana, destacou hoje, em Pequim, o "ambiente completamente novo" na relação entre China e Brasil, após a eleição de Lula da Silva.

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Lusa
27/03/2023 14:53 ‧ 27/03/2023 por Lusa

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quase inexplicável quanto prejuízo nós tivemos por conta daquilo que ocorreu nos últimos quatro anos", afirmou o responsável pela agência encarregue de promover as exportações brasileiras e atrair investimento estrangeiro para o país, numa referência ao deteriorar da relação política entre Brasília e Pequim ao longo do mandato do anterior Presidente, Jair Bolsonaro.

Em particular, o responsável atribuiu à melhoria na relação política a decisão das autoridades chinesas de levantar, na semana passada, o embargo à carne bovina oriunda do Brasil, imposto em fevereiro passado.

"Eu acho que a coisa mais importante até agora foi o destravar da exportação de carne. A vinda [a Pequim] do ministro [da Agricultura e Pecuária], Carlos Fávaro, já deu esse extraordinário resultado", apontou Viana. "Cada dia sem exportar carne para [a China] é um prejuízo enorme para a pecuária brasileira", observou.

Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, com o comércio bilateral a passar de nove mil milhões de dólares (8,3 mil milhões de euros), em 2004, para 150 mil milhões (139 mil milhões de euros), em 2022.

O Brasil beneficia de um excedente comercial com a China, mas as exportações brasileiras são compostas sobretudo por matérias-primas, sem valor agregado. O Brasil desempenha, em particular, um papel importante na segurança alimentar da China, compondo mais de 20% das importações agrícolas do país asiático.

Viana defendeu, no entanto, que a China pode desempenhar um papel na industrialização do país sul-americano, à medida que fricções geopolíticas entre Pequim e os seus principais parceiros comerciais motivam uma deslocação dos meios de produção para fora do país asiático.

"Se houver empresas chinesas, em parceria com empresas brasileiras, a produzir no Brasil, os produtos podem ser vendidos para os Estados Unidos e para a Europa", observou. "Acho que nos conflitos atuais, o Brasil pode ter grande vantagem, sobretudo se fizer a coisa certa a nível de política externa", disse.

A formação do novo Governo brasileiro pode gerar uma relação estratégica "muito densa" e com impacto global, defendeu. "Eu não tenho dúvidas de que o Brasil, fechando os acordos [comerciais] com o Mercosul (Mercado Comum do Sul), União Europeia, e construindo uma relação estratégica com a China, pode mexer com a geografia económica do mundo", realçou.

Entre 2007 e 2020, a China investiu, no total, 66 mil milhões de dólares (61,8 mil milhões de euros) no Brasil. Jorge Viana considerou que o investimento direto chinês no país pode ascender a 200 mil milhões de dólares (185 mil milhões de euros) nos próximos anos.

"Não é uma projeção, são oportunidades", disse.

O responsável destacou a possibilidade de a fabricante chinesa de veículos elétricos BYD começar a produzir baterias e automóveis na antiga fábrica da construtora norte-americana Ford no nordeste do Brasil. No ano passado, a BYD foi apenas superada pela norte-americana Tesla, nas vendas de carros elétricos a nível mundial.

Luiz Inácio Lula da Silva tinha previsto iniciar hoje uma visita de cinco dias à China, que foi entretanto adiada, após o Presidente do Brasil ter contraído uma pneumonia. Uma comitiva com centenas de empresários, além de governadores, senadores, deputados e ministros, encontra-se, no entanto, em Pequim, prosseguindo com a agenda original, que inclui a realização de um fórum empresarial, na quarta-feira, num hotel da capital chinesa.

Leia Também: Manutenção da TAP no Brasil não foi estratégico, mas um "sorvedouro"

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