"Após a adesão da Finlândia e da Suécia, a extensão total das fronteiras entre a Rússia e a NATO vai quase duplicar", realçou o embaixador Viktor Tatarintsev, num texto publicado no 'site' da missão russa na Suécia.
"Se ainda parece a alguém que isso vai de alguma forma melhorar a segurança da Europa, fiquem tranquilos que os novos membros do bloco hostil se tornarão um alvo legítimo para as medidas retaliatórias russas, inclusive de natureza militar", acrescentou o diplomata, num longo texto contra a adesão destes países à Aliança Atlântica.
O alerta surge depois de Moscovo ter arrefecido nos últimos meses as ameaças contra as duas capitais nórdicas, iniciadas desde a sua decisão histórica, em maio, de se candidatarem à NATO.
As candidaturas, que viraram a página de décadas de neutralidade, são resultado direto da invasão da Ucrânia pela Rússia.
A Finlândia, que faz fronteira com a Rússia, aguarda apenas a ratificação turca prometida pelo Presidente Recep Tayyip Erdogan para ingressar na aliança.
Quanto à Suécia, a sua candidatura transformou-se um duro jogo diplomático e enfrenta atualmente o veto de Ancara, bem como o atraso da sua ratificação pela Hungria.
A Turquia acusa em especial a Suécia de ser um refúgio para "terroristas" curdos e de recusar extradições, que são, na prática, decididas pela justiça sueca, não pelo Governo.
Outro motivo de preocupação do lado sueco é que a Hungria está a usar a aprovação da adesão de Estocolmo à NATO como moeda de troca na sua batalha com a União Europeia (UE).
Milhares de milhões de fundos destinados a Budapeste estão atualmente congelados por Bruxelas, aguardando reformas para que o Estado húngaro possa melhor combater a corrupção no país.
No entanto, Estocolmo ainda espera ingressar antes da próxima cimeira da NATO em julho, em Vilnius.
A opinião pública mudou dramaticamente a favor da NATO após a invasão da Ucrânia, superando 80% de apoio na Finlândia e aproximando-se de dois terços na Suécia, de acordo com sondagens.
Mas para o embaixador russo em Estocolmo, que nasceu em Kherson, na atual Ucrânia, a Suécia "dá um passo para o abismo" ao querer ingressar na NATO.
Criticando, entre outras coisas, uma decisão "precipitada" sem referendo nacional, o diplomata apontou o risco do comando da NATO "decidir entrar totalmente no conflito".
"Nesse caso, os suecos sem dúvida serão atraídos e enviados para a morte pelos interesses de outros", sublinhou Tatarintsev.
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