Derrota em Bakhmut pode levar a "compromissos inaceitáveis", diz Zelensky

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, alertou que, caso a Rússia vença a longa batalha pela cidade de Bakhmut, o povo ucraniano "vai sentir-se cansado" e fazer pressão "para chegar a um compromisso" com Moscovo.

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© LUDOVIC MARIN/POOL/AFP via Getty Images

Lusa
29/03/2023 07:08 ‧ 29/03/2023 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

Zelensky sublinhou, numa entrevista à agência de notícias Associated Press, que até ao momento não se sentiu pressionado para assinar um acordo de paz com "compromissos inaceitáveis".

Há sete meses que a ofensiva russa se concentra em Bakhmut e o chefe de Estado ucraniano admitiu na terça-feira que a queda da cidade no leste da Ucrânia seria uma pesada derrota política.

"Não podemos falhar qualquer passo porque a guerra é uma maratona (...). Pequenas vitórias, pequenos passos", disse Zelensky.

A conquista de Bakhmut permitiria ao Presidente russo "apregoar esta vitória ao Ocidente, à sua sociedade, à China, ao Irão", disse o líder ucraniano. Se Vladimir Putin "vir um pouco de sangue -- sentir que estamos fracos -- ele vai forçar, forçar, forçar", acrescentou.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com a imposição à Rússia de sanções políticas e económicas e o envio de armamento para a Ucrânia.

Volodymyr Zelensky admitiu que a firmeza da comunidade internacional pode mudar não apenas com o destino de Bakhmut mas também com o resultado das eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2024.

Do lado republicano, o candidato Donald Trump e o seu provável rival Ron DeSantis têm questionado se Washington deveria continuar a fornecer ajuda militar à Ucrânia e se o conflito deveria ser uma prioridade para a segurança nacional norte-americana.

"Os Estados Unidos realmente compreendem que, se pararem de nos ajudar, não iremos vencer", disse Volodymyr Zelensky.

O líder ucraniano disse ainda que gostaria de receber em Kiev Xi Jinping, o líder da China, um dos poucos aliados da Rússia, e que divulgou, no final de fevereiro, o que chamou de um plano para a paz na Ucrânia.

"Estamos prontos para vê-lo aqui", disse Volodymyr Zelensky, referindo-se a Xi Jinping. "Quero falar com ele. Tive contacto com ele antes da guerra. Mas durante todo este ano, mais de um ano, não tive," acrescentou.

Volodymyr Zelensky disse que o anúncio, feito no sábado pelo Kremlin, de um acordo para implantar armas nucleares táticas na Bielorrússia, país que faz fronteira com a Ucrânia, foi uma manobra de distração, porque a visita de Xi Jinping "não foi boa para a Rússia".

Xi deslocou-se na semana passada a Moscovo, onde se encontrou com Vladimir Putin, prometendo apoio moral e uma linha comercial, mas abstendo-se de fornecer armas aos soldados russos na Ucrânia.

Leia Também: Zelensky acusa Rússia de atacar 500 templos religiosos ucranianos

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