Zelensky sublinhou, numa entrevista à agência de notícias Associated Press, que até ao momento não se sentiu pressionado para assinar um acordo de paz com "compromissos inaceitáveis".
Há sete meses que a ofensiva russa se concentra em Bakhmut e o chefe de Estado ucraniano admitiu na terça-feira que a queda da cidade no leste da Ucrânia seria uma pesada derrota política.
"Não podemos falhar qualquer passo porque a guerra é uma maratona (...). Pequenas vitórias, pequenos passos", disse Zelensky.
A conquista de Bakhmut permitiria ao Presidente russo "apregoar esta vitória ao Ocidente, à sua sociedade, à China, ao Irão", disse o líder ucraniano. Se Vladimir Putin "vir um pouco de sangue -- sentir que estamos fracos -- ele vai forçar, forçar, forçar", acrescentou.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com a imposição à Rússia de sanções políticas e económicas e o envio de armamento para a Ucrânia.
Volodymyr Zelensky admitiu que a firmeza da comunidade internacional pode mudar não apenas com o destino de Bakhmut mas também com o resultado das eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2024.
Do lado republicano, o candidato Donald Trump e o seu provável rival Ron DeSantis têm questionado se Washington deveria continuar a fornecer ajuda militar à Ucrânia e se o conflito deveria ser uma prioridade para a segurança nacional norte-americana.
"Os Estados Unidos realmente compreendem que, se pararem de nos ajudar, não iremos vencer", disse Volodymyr Zelensky.
O líder ucraniano disse ainda que gostaria de receber em Kiev Xi Jinping, o líder da China, um dos poucos aliados da Rússia, e que divulgou, no final de fevereiro, o que chamou de um plano para a paz na Ucrânia.
"Estamos prontos para vê-lo aqui", disse Volodymyr Zelensky, referindo-se a Xi Jinping. "Quero falar com ele. Tive contacto com ele antes da guerra. Mas durante todo este ano, mais de um ano, não tive," acrescentou.
Volodymyr Zelensky disse que o anúncio, feito no sábado pelo Kremlin, de um acordo para implantar armas nucleares táticas na Bielorrússia, país que faz fronteira com a Ucrânia, foi uma manobra de distração, porque a visita de Xi Jinping "não foi boa para a Rússia".
Xi deslocou-se na semana passada a Moscovo, onde se encontrou com Vladimir Putin, prometendo apoio moral e uma linha comercial, mas abstendo-se de fornecer armas aos soldados russos na Ucrânia.
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