O fundador do grupo de mercenários Wagner, Yevgeny Prigozhin, pode estar a usar a sua influência na 'media" russa para se apresentar como candidato às eleições presidências de 2024 na Rússia, de acordo com o Instituto norte-americano para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês).
De acordo com o ISW, a agência de notícias de Prigozhin - a Agência Federal de Notícias - publicou, a 14 de março, uma entrevista com o próprio, que conta também com jornalistas russos do Russia Today e RIA, que tem um "formato único".
Segundo o ISW, durante a entrevista "Prigozhin parecia imitar a maneira como o presidente russo, Vladimir Putin, filma as suas reuniões públicas coreografadas, seja para fazer troça de Putin silenciosamente ou para sugerir subtilmente que Prigozhin se poderia tornar presidente russo como Putin".
"A coreografia e a encenação da entrevista de Prigozhin colocam-no no enquadramento da câmara na mesa", em "frente ao seu público", "da mesma forma" que são filmadas as reuniões de Putin. Este é um estilo de filmagem "incomum" para o líder do grupo Wagner, que, geralmente, opta por se "filmar a si próprio".
"Prigozhin também usou esta entrevista para reiterar os seus argumentos anteriores sobre a necessidade de incutir uma ideologia de linha dura nos combatentes russos e insinuar que o Ministério da Defesa russo está deliberadamente a privar o Grupo Wagner de munição de artilharia", acrescenta o Instituto.
Desta forma, o Instituto acha que esta entrevista tem um de dois objetivos: ou serve para "parodiar o estilo 'cinematográfico' de Putin", numa "campanha que procura gozar com o Kremlin" ou "traça paralelos táticos entre Prigozhin e o gabinete da presidência russa".
O ISW lembra que Prigozhin já havia insinuado que poderia substituir Putin, quando a 11 de março anunciou que concorreria à presidência da Ucrânia em 2024 - "uma declaração que um proeminente estudioso russo ligado ao Kremlin argumentou que promoveu implicitamente uma narrativa de que Prigozhin concorreria às eleições presidenciais da Rússia, que também estão marcadas para 2024".
Note-se que, em janeiro, o empresário já tinha atacado diretamente a administração de Putin, ao referir que alguns dos seus funcionários querem que Moscovo perca a guerra.
"O comportamento recente de Prigozhin – independentemente de sua intenção – está a avançar uma narrativa entre a sociedade russa de que este tem maiores aspirações políticas" no país, nota o Instituto.
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