O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, considerou, esta sexta-feira, que um cessar-fogo neste momento significaria que Moscovo “não atingiria os objetivos” propostos na sua ‘operação militar especial’ na Ucrânia, como é apelidada pelo regime do presidente russo, Vladimir Putin.
O responsável proferiu estas declarações depois de o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, ter apelado a um cessar-fogo imediato, sem pré-requisitos, pedindo ainda para que a Rússia e a Ucrânia se voltassem a sentar à mesa de negociações.
“Quanto à Ucrânia, nada mudará. A operação militar especial continuará porque, neste momento, é a única forma que temos de atingir os nossos objetivos”, disse Peskov, em declarações à imprensa, citado pela agência Reuters.
O porta-voz do Kremlin complementou ainda que o plano de paz proposto pela China não poderia, de momento, ser realizado, “devido à falta de vontade - ou melhor, à incapacidade - do lado ucraniano de desobedecer os seus supervisores e comandantes”.
“Estes comandantes, como sabemos, não estão em Kyiv, e insistem que a guerra continue”, atirou.
Peskov ressalvou, contudo, ter dado conta dos comentários do aliado bielorrusso, que discutirá com o chefe de Estado russo na próxima semana.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram mais de 8.401 civis desde o início da guerra e 14.023 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
Leia Também: Missão de paz "seria ridícula". "Ucrânia tem direito a movimentar tropas"