Depois de obter a independência do Sudão em 2011, o Sudão do Sul, o estado mais jovem do mundo, caiu numa guerra civil entre os inimigos Riek Machar e Salva Kiir, que provocou quase 400.000 mortos e milhões de desalojados, entre 2013 e 2018.
Um acordo de paz assinado em 2018 prevê a partilha do poder num Governo de unidade nacional, com Kiir como Presidente e Machar como vice-presidente.
O governador do estado de Unidade do Norte, Joseph Monytuil, e o tenente-general das Forças de Defesa Popular do Sudão do Sul, Thoi Chany Reat, foram identificados num novo relatório de um painel de peritos independentes da ONU no Sudão do Sul, que detalha a responsabilidade estatal pelas mortes, violações e escravatura sexual generalizadas.
A comissão, que conduziu uma investigação de um ano em seis estados do Sudão do Sul e publicou um resumo parcial das suas conclusões em março, afirmou que nenhuma das pessoas mencionadas no relatório final tinha sido responsabilizada pelos seus crimes.
"Ao longo de vários anos, as nossas conclusões têm demonstrado consistentemente que a impunidade por crimes graves é um motor central da violência e da miséria enfrentada pelos civis no Sudão do Sul", afirmou a presidente da comissão, Yasmin Sooka, numa declaração.
"Tomámos, portanto, a iniciativa de nomear mais indivíduos que merecem investigação criminal e acusação pelo seu papel em graves violações dos direitos humanos", prosseguiu.
Segundo o relatório, o governador do estado da Unidade e o tenente-general Thoi Chany Reat estiveram envolvidos nas mortes no condado de Mayom, em agosto de 2022, durante as quais quatro oficiais rebeldes capturados foram sumariamente executados por tropas governamentais. Três foram mortos por um pelotão de fuzilamento e um quarto foi queimado vivo numa cabana.
O relatório também aponta o dedo a Gordon Koang, o comissário do condado de Koch no norte, que é acusado de realizar ataques a civis num condado vizinho, entre fevereiro e abril de 2022.
"Embora o Governo do Sudão do Sul tenha anunciado comissões especiais de inquérito sobre várias situações, nenhuma delas levou a qualquer forma de responsabilização", disse o painel.
Os funcionários militares e governamentais envolvidos nos abusos "permanecem em funções", segundo os peritos independentes da ONU.
As autoridades de Juba acusaram a comissão da ONU de interferir nos seus assuntos nacionais e rejeitaram as conclusões anteriores do painel de três membros.
A União Africana (UA) prometeu um tribunal para processar os responsáveis por crimes de guerra graves e fazer justiça às vítimas, mas este nunca chegou a ser criado.
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