Blogger vítima de atentado escapou à prisão para combater na Ucrânia
O 'blogger' militar Vladlen Tatarsky, vítima de atentado no domingo e hoje condecorado postumamente pelo Presidente russo, escapou à prisão na Ucrânia, onde esteve detido por roubar um banco, para combater pelas forças russas na região ucraniana no Donbass.
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Mundo Rússia
Depois de Tatarsky ter sucumbido num atentado bombista domingo num café na cidade de São Peterburgo, o Canal 1 russo retransmitiu hoje uma entrevista concedida no final do ano passado, em que o entrevistado não esconde que esteve preso e que encontrou "o lugar certo" na guerra.
"Comecei a trabalhar como mineiro, trabalho muito duro e perigoso, onde cada um pode pôr em risco a vida de todos se não cumprir zelosamente as regras estabelecidas", disse Tatarsky, pseudónimo de Maxim Fomine, na entrevista.
"Depois, tornei-me empresário e tive necessidade de arranjar dinheiro para investir no negócio. Foi quando me lembrei de assaltar um banco. Roubei 5 mil dólares, fui apanhado e metido na prisão por oito anos", confessou.
Depois desta experiência, Tatarsky disse ter colocado de parte ilegalidades, "que só complicam".
Com o deflagrar do conflito russo-ucraniano no Donbass, na sequência dos protestos Euromaidan em 2013-2014, o famoso 'blogger' viu-se debaixo de fogo.
"A prisão localizava-se numa zona de fogo cruzado. Houve feridos e mortes. Por vezes, não tínhamos comida, nem água. Quando chegaram até nós os combatentes pelo Donbass, perguntaram-nos quem queria juntar-se a eles. Fui um dos dezoito voluntários que os seguiu para combater pela junção do Donbass à Rússia", relatou.
"Senti, então, que estava no lugar certo, que era a minha guerra. Armaram-me e o meu único objectivo passou a ser o de juntar a arma à palavra. Houve momentos em que tanto me fazia morrer ou não, mas tinha consciência de estar numa guerra justa", sublinhou.
Tatarsky, 40 anos, nasceu na região ucraniana de Donetsk e combateu em 2014 pelos separatistas russófonos contra o Exército de Kiev.
O 'blogger', que tinha mais de 560.000 subscritores no seu canal do Telegram, ficou conhecido em setembro de 2022 quando no Kremlin, após assistir a um discurso do Presidente russo, Vladimir Putin, assegurou: "Vamos derrotá-los a todos [os ucranianos], matá-los a todos, roubaremos todos os que quisermos".
O Presidente russo Vladimir Putin condecorou hoje Tatarsky com a Ordem ao Valor, "pela coragem demonstrada no cumprimento do seu dever profissional".
Vladlen Tatarsky, pseudónimo de Maxim Fomin, morreu e outras dez pessoas ficaram gravemente feridas na explosão de mais de 200 gramas de dinamite, domingo num café que pertence a Yevgeny Prigojin, o chefe do Grupo Wagner.
O artefacto explosivo estaria ocultado num busto que uma mulher entregou ao 'blogger' e que foi ativado por controlo remoto.
"Eu transportei a estatueta que explodiu", declarou hoje a principal suspeita, Daria Trepova, segundo um vídeo do interrogatório divulgado pelo Ministério do Interior após a sua detenção.
Também esta noite, a televisão russa emitiu uma comunicação do Comité Nacional Anti-Terrorista, atribuindo a acção terrorista que vitimou o 'blogger' de guerra aos serviços especiais ucranianos, com a participação de membros da Fundação da Luta Contra a Corrupção, encabeçada pelo activista anti-Putin Alexei Navalny, líder da oposição a cumprir uma pena de nove anos de prisão.
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