NRA: o principal 'lobby' de armas dos EUA explicado por pontos

A National Rifle Association (NRA), principal organização norte-americana de 'lobby' pró-armas de fogo, assume-se como defensora da Segunda Emenda da Constituição, que protege o direito da população a usar armas.

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Lusa
13/04/2023 08:30 ‧ 13/04/2023 por Lusa

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EUA

A convenção anual da NRA arranca sexta-feira em Indianápolis, num momento de ascensão da violência armada no país, servindo de palco para as mais recentes armas de fogo e também para nomes sonantes do Partido Republicano - como Donald Trump ou Mike Pence - e é apresentado pela organização como "um fim de semana cheio de liberdade para toda a família" dos "patriotas defensores" das armas.

Eis alguns pontos essenciais sobre a National Rifle Association:

 O que é a NRA 

Fundada em Nova Iorque, em 1871, por dois veteranos da Guerra Civil dos Estados Unidos como um grupo recreativo destinado a promover e encorajar o tiro com espingarda, a NRA conseguiu, em 1975, formar um braço de 'lobby' - o Instituto de Ação Legislativa - para influenciar a política do Governo e, em 1977, formou o seu próprio Comité de Ação Política (PAC), para canalizar recursos para apoiar os legisladores defensores das armas.

Desde então, a NRA solidificou-se como o maior e mais poderoso grupo de 'lobby' de armas no país e que há anos monta uma oposição determinada e feroz a todos os esforços para reduzir ou restringir o acesso a armas de fogo, apoiando-se num orçamento multimilionário para influenciar os membros do Congresso sobre a política de armas.

Atualmente, a NRA é dirigida por Wayne LaPierre, que está no comando das operações diárias do grupo desde 1991 e moldou a sua abordagem sem concessões para fazer 'lobby' contra o controlo de armas.

Qual o tamanho do seu orçamento? 

Em 2020, a NRA declarou gastos em torno dos 250 milhões de dólares (230 milhões de euros) - muito mais do que todos os grupos de 'lobby' sobre a política federal de armas do país juntos, de acordo com a BBC.

A NRA tem um número muito maior de membros do que qualquer um desses grupos e usa parte dos seus fundos para financiar campos de tiro e programas educativos.

Além das contribuições registadas aos legisladores - 2,6 milhões de dólares (2,38 milhões de euros) em 2022 - a NRA aplica somas consideráveis através de PACs e contribuições independentes - fundos difíceis de rastrear.

Em 2016, por exemplo, a National Rifle Association gastou mais de 50 milhões de dólares (45,77 milhões de euros) para apoiar a candidatura presidencial de Donald Trump e de vários candidatos Republicanos ao Senado, estabelecendo-se como uma força importante na eleição.

Já os senadores que mais receberam dinheiro da NRA são os Republicanos Mitt Romney (13,6 milhões de dólares), Richard Burr (6,9 milhões de dólares), Roy Blunt (4,5 milhões de dólares) e Thom Tillis (4,4 milhões de dólares).

Controvérsias

O posicionamento agressivo da NRA contra todas as formas de controlo de armas tem gerado polémica, ao qual se juntou ainda a defesa do argumento de que mais armas tornam o país mais seguro.

A associação enfrentou críticas de ambos os lados do espetro político após o tiroteio na escola primária em Sandy Hook, em 2012, quando Wayne LaPierre atribuiu as culpas pela tragédia à falta de um guarda armado na escola.

"A única coisa que detém um homem mau com uma arma é um homem bom com uma arma", disse LaPierre.

Na ocasião, um jovem de 20 anos matou 26 pessoas, das quais 20 eram crianças.

No ano passado, apenas três dias antes da convenção anual da NRA, 19 crianças e dois adultos morreram num tiroteio numa escola primária no sul do Texas, o que levou vários políticos Republicanos e vários artistas musicais a cancelar a sua participação no evento.

Vários pedidos foram lançados para que a NRA cancelasse o evento - que ocorreu no mesmo estado do tiroteio -, mas o grupo limitou-se a condenar o ataque e a classificá-lo como uma "crime horrível e perverso" e "um ato de um criminoso solitário e enlouquecido", dando continuidade ao programa.

Além disso, nos últimos anos, LaPierre e outros executivos da NRA têm também sido acusados de desviar milhões de dólares da organização para despesas pessoais para financiar os seus estilos de vida luxuosos.

Quais os desafios que o grupo enfrenta?

Os recentes tiroteios em escolas voltaram a acender o debate nacional sobre o fácil acesso a armas no país e, consequentemente, sobre as leis de controlo de armas de fogo.

O Presidente Joe Biden tem sido uma das vozes mais críticas contra os Republicanos do Congresso, por se oporem a alterações às leis que regulam a posse de armas de fogo.

O chefe de Estado pede que se proíbam armas semiautomáticas e os carregadores de munições de grande capacidade, que permitem ao portador de uma arma matar um grande número de pessoas sem ter de parar para a recarregar.

Além da pressão dos Democratas face aos tiroteios em massa, a NRA está ainda envolvida numa batalha legal após a procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, ter entrado com uma ação, em 2020, para dissolver a organização por conduta ilegal.

James alega que os principais executivos desrespeitavam as regras dessa organização sem fins lucrativos ao desviar milhões de dólares para financiar o seu estilo de vida luxuoso, incluindo viagens às Bahamas, safaris em África e passeios em iates.

Embora a sede da NRA seja na Virgínia, a procuradora-geral de Nova Iorque tem autoridade para investigar a organização uma vez que foi fundada em Nova Iorque.

Contudo, um juiz de Manhattan rejeitou o pedido de dissolução da NRA, advogando que havia maneiras de reformá-la - nomeadamente através da possível remoção dos principais executivos -, mas permitiu que grande parte do restante processo fosse levado adiante.

Na sequência desse processo, a NRA entrou com pedido de falência e pediu para ser reincorporada no Texas, num movimento que foi visto por um juiz de Dallas como uma tentativa de escapar ao processo em Nova Iorque, acabando por rejeitar a falência.

A NRA acusou Letitia James de travar "uma campanha de retaliação flagrante e maliciosa" por causa dos seus pontos de vista.

Leia Também: EUA registaram 15 assassínios em massa com arma de fogo em 1 ano

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