Pequim pretende que Cabul venha a integrar o projeto chinês no âmbito da Nova Rota da Seda para que o Afeganistão deixe de ser "um país sem saída para o mar", refere um documento do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China divulgado hoje.
"Desde a retirada das tropas norte-americanas e da tomada do poder pelos talibãs em 2001, a China tem estado a ajudar ativamente o Afeganistão. Isto incluiu a prestação de ajuda humanitária ou a participação em consultas para promover uma solução política para o problema afegão", indica o texto.
Pequim indica que "não se vai intrometer nos assuntos internos afegãos" e que "respeita a independência, a soberania e a integridade territorial afegãs" acrescentando que defende um governo "moderado e prudente", no Afeganistão.
"Esperamos que o país possa construir uma estrutura política aberta e inclusiva", diz o texto que também pede "intercâmbios com todos os países", em especial com os países vizinhos.
"Esperamos que o governo interino dos talibãs possa proteger os direitos básicos e os interesses de todos os afegãos, incluindo as mulheres, crianças e os grupos étnicos", frisa a diplomacia de Pequim no mesmo texto.
Ao mesmo tempo, a República Popular da China pede para Cabul apoiar com determinação a "luta contra o terrorismo, o separatismo e o extremismo".
O documento menciona também os Estados Unidos instando Washington a "cumprir com as promessas e responsabilidades".
"Os Estados Unidos devem aprender com o que se passou no Afeganistão e devem ajudar a aliviar a situação humanitária e os desafios que o país enfrenta", afirma Pequim que pede a Washington o levantamento das sanções contra Cabul.
Para a diplomacia de Pequim, que recorda que os fundos financeiros para a reconstrução estão congelados, são ainda necessárias soluções para a crise dos refugiados e um programa de "luta contra estupefacientes".
A guerra no Afeganistão prolongou-se durante 20 anos tendo as forças internacionais, incluindo Portugal, comandadas pelos Estados Unidos abandonado o país em agosto de 2021.
Desde a tomada do poder pelos talibãs que o Afeganistão enfrenta um retrocesso generalizado em matéria de direitos humanos, marcado pelas permanentes restrições contra as mulheres e pelas ameaças sistemáticas contra ativistas e jornalistas.
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