"Com uma abordagem míope, viram-se para a China com o objetivo de tentarem vender produtos europeus ao preço de um enorme custo geopolítico, aumentando a nossa dependência face à China em vez de a diminuírem", afirmou durante um discurso na capital federal dos Estados Unidos.
"Não é possível defender a Ucrânia hoje e dizer amanhã que Taiwan não é um assunto nosso", acrescentou no decurso de uma iniciativa do centro de pesquisa Atlantic Council, e numa critica velada ao Presidente francês mas sem o citar.
"Considero, e que Deus nos ajude, que se a Ucrânia cair, se a Ucrânia for conquistada, no dia seguinte a China poderá atacar, pode atacar, Taiwan", disse.
O Presidente francês suscitou a polémica entre diversos aliados ocidentais na sequência da sua visita à China, ao declarar que a Europa não deverá alinhar-se automaticamente com Washington ou com Pequim no caso de um conflito em torno de Taiwan.
O dirigente polaco também ironizou sobre o conceito de autonomia estratégica dos europeus, ainda numa alusão às declarações do Presidente francês.
"A autonomia europeia, é excelente, não é? Mas isso significa mudar o centro de gravidade europeu em direção à China e romper os laços com os Estados Unidos", afirmou.
"Não entendo o que significa o conceito de autonomia estratégica, na prática significa dar um tiro no próprio pé", assinalou ainda, ao referir-se a um "erro dramático".
Na quarta-feira, Macron declarou que ser aliado dos Estados Unidos não significa necessariamente ser "vassalo", assumindo totalmente as declarações polémicas que emitiu sobre Taiwan.
"Ser aliado não significa ser vassalo. Não é por sermos aliados (...) que deixamos de ter o direito de pensar por nós mesmos", defendeu numa conferência de imprensa em Amesterdão, após uma reunião com o primeiro-ministro neerlandês, Mark Rutte.
"E que vamos atrás das pessoas que são mais radicais num país que é nosso aliado", acrescentou, numa aparente referência a responsáveis do Partido Republicano norte-americano, muito ofensivos em relação à China.
França "é a favor do 'statu quo' em Taiwan, apoia a política de uma só China e a procura de uma solução pacífica para a situação", acrescentou na ocasião o chefe do Eliseu.
Tais comentários foram interpretados como um distanciamento em relação a Washington, quando os Estados Unidos estão, em contraste, muito envolvidos no apoio à Ucrânia desde o início da ofensiva russa, há mais de um ano.
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