O Iémen é palco de um conflito desde 2015 entre o Governo, apoiado pela Arábia Saudita, e os rebeldes houthis, apoiados pelo Irão e que conquistaram grandes porções do território do país, incluindo a capital Sana.
No final de março, o Governo e os rebeldes concluíram na Suíça um acordo para a troca de mais de 880 prisioneiros, incluindo sauditas, num cenário que serviu de uma inesperada ignição para a retoma das entre a Arábia Saudita e o Irão.
Assim, 69 pessoas voaram de Sana para Aden, a capital interina do Governo, no sul do país, e outras 249 voaram em direção oposta, naquele que foi o primeiro dia de uma operação que termina no domingo, revelou o CICV em comunicado.
Esta troca de prisioneiros irá manter-se na madrugada de sábado, com pelo menos dois voos programados entre a Arábia Saudita e o Iémen, segundo esta organização.
Muitas pessoas concentraram-se hoje nos aeroportos de Aden e Sana para receber os ex-detidos, noticiou a agência France-Presse (AFP).
Em Sana, dezenas de prisioneiros desceram de um avião agitando os punhos no ar, em sinal de vitória.
Em Aden, houve gritos de alegria quando o ex-ministro da Defesa, Mahmoud al-Subaihi, e o irmão do ex-presidente, o general Nasser Mansour Hadi, desceram de um avião.
A última operação desta magnitude data de outubro de 2020, quando mais de 1.000 presos foram libertados.
O enviado da ONU para o Iémen, Hans Grundberg, saudou o arranque desta troca, lembrando que "milhares de outras famílias ainda estão à espera para se reunirem".
A guerra no Iémen provocou uma das piores crises humanitárias do mundo, com centenas de milhares de mortos e milhões de deslocados, num contexto de epidemias, falta de água potável e fome extrema.
Mais de três quartos da população dependem da ajuda internacional, que, no entanto, continua a diminuir.
"Centenas de famílias separadas pelo conflito vão reunir-se para o Ramadão, o que resulta num farol de esperança perante um grande sofrimento", destacou Fabrizio Carboni, diretor do CICV no Médio Oriente.
Esta quinta-feira, uma delegação saudita deixou Sana com um "acordo preliminar" para uma trégua e a promessa de "novas negociações", de acordo com um oficial rebelde.
As discussões em Sana foram "positivas" com "progresso em algumas questões", destacou o negociador-chefe dos houthis, Mohammed Abdelsalam, numa publicação na rede social Twitter.
Segundo fontes do Governo iemenita, trata-se de uma trégua de seis meses, abrindo caminho para um período de três meses de negociações sobre uma transição que durará dois anos, durante os quais a solução final será negociada entre todas as partes.
A trégua deve permitir corresponder às duas principais exigências dos houthis: o pagamento pelo Governo dos salários dos funcionários públicos nas áreas rebeldes e a reabertura do aeroporto de Sana, controlado pela aviação saudita.
No ano passado, as partes observaram uma trégua de seis meses. Embora não tenha sido oficialmente renovado após o seu final no início de outubro, a situação permaneceu relativamente calma no local.
Leia Também: Iémen começa troca de 800 prisioneiros da guerra. Eis as imagens