O presidente do Brasil, Lula da Silva, condenou, esta terça-feira, a “violação da integridade territorial” da Ucrânia, num almoço com o seu homólogo romeno, Klaus Werner Iohannis.
“Ao mesmo tempo em que meu governo condena a violação da integridade territorial da Ucrânia, defendemos uma solução política negociada para o conflito. Falei da nossa preocupação com os efeitos da guerra, que extrapolam o continente europeu”, disse, citado pela imprensa brasileira.
“Precisamos de criar urgentemente um grupo de países que tente sentar-se à mesa tanto com a Ucrânia como com a Rússia para encontrar a paz”, acrescentou no almoço que decorreu no Palácio do Itamaraty, em Brasília.
Na declaração conjunta dos dois países, os chefes de Estado reafirmaram o compromisso com o Direito Internacional, a Carta das Nações Unidas, "a promoção e proteção da paz e da segurança internacional, dos direitos humanos, o compromisso com a democracia e o estado de direito".
Na nota divulgada pela presidência brasileira, os dois países destacaram a "necessidade de fazer avançar, no âmbito da ONU, a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas", uma das ambições da nova política externa brasileira de Lula da Silva, que pretende ver o seu país no conselho.
A declaração do presidente brasileiro surge um dia após ter sido acusado pelos Estados Unidos da América (EUA) de “repetir a propaganda russa e chinesa, sem ter em conta os factos”, por ter defendido que os EUA devem parar de “encorajar a guerra” na Ucrânia e a União Europeia deve “começar a falar de paz”.
“Acima de tudo, temos de convencer os países que fornecem armas, que encorajam a guerra, a parar”, declarou Lula da Silva, durante uma visita aos Estados Árabes Unidos, depois de ter estado na China.
Também a Comissão Europeia rejeitou as acusações de Lula, com o porta-voz do executivo comunitário para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Peter Stano, a afirmar “não ser verdade que os EUA e a UE estejam a ajudar a prolongar o conflito”.
O conselheiro de Lula da Silva para os assuntos internacionais, Celso Amorim, rejeitou hoje as declarações do porta-voz da Casa Branca, considerando-as como "absurdas".
Numa entrevista à televisão Globonews, Amorim salientou que o Brasil tem mantido historicamente uma posição de não-alinhamento com os poderes, o que não deve ser confundido com neutralidade.
No entanto, manteve as suas críticas aos aliados da NATO por armarem a Ucrânia e darem-lhe "falsas esperanças" de poder derrotar a Rússia no campo de batalha.
O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou a 24 de fevereiro de 2022 com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.
A ONU confirmou que mais de oito mil civis morreram e cerca de 14 mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
[Notícia atualizada às 21h19]
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