"Existe um perigo real de que a escalada das hostilidades no Sudão possa envolver atores externos, regionais e internacionais e transformar-se numa crise humanitária e de segurança de escala desastrosa", alertou o Presidente queniano em comunicado.
Os combates começaram no sábado entre as forças armadas, comandadas pelo líder de facto do país desde o golpe de Estado de outubro de 2021, o general Abdel Fattah al-Burhan, e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), chefiado pelo general Mohamed Hamdane Daglo, conhecido como "Hemedti", que orquestrou em conjunto o golpe de 2021.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 270 pessoas morreram e cerca de 2.000 ficaram feridas desde o início dos confrontos.
"Por essa razão, é essencial que uma coligação internacional de todos os atores que estiveram envolvidos no apoio à restauração do governo civil no Sudão aja urgentemente", acrescentou Ruto num apelo dirigido à ONU, União Africana (UA), Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD, na sigla em inglês) e ao Quarteto para o Sudão (Arábia Saudita, Emiratos Árabes Unidos, Estados Unidos e Reino Unido).
Ruto, que afirmou que "a deterioração da situação no Sudão é uma questão de grande preocupação para a região e o continente", lamentou que o exército e os paramilitares tenham dirigido os seus ataques "tanto contra alvos militares como civis".
Isso resultou em centenas de mortes, deslocação de civis, "destruição maciça de bens" e danos em "infraestruturas públicas estratégicas, tais como estradas, pontes e aeroportos", frisou.
O líder queniano lamentou ainda os ataques à "comunidade diplomática" e que "os civis em geral tenham sido apanhados no fogo cruzado", o que descreveu como um "padrão de violação sistemática das regras e princípios estabelecidos no direito humanitário internacional".
William Ruto apelou aos dois lados beligerantes para que "cessem de imediato as hostilidades" e não levantem dificuldades à sua ida ao Sudão, "o mais cedo possível", para reunir-se, juntamente com os presidentes do Sudão do Sul, Salva Kiir, e do Djibuti, Ismail Omer Guelleh, como parte de uma delegação da IGAD para "reconciliar as partes beligerantes".
Na terça-feira, a Comunidade da África Oriental (EAC, na sigla em inglês), uma comunidade política de sete nações que o Quénia também integra, manifestou a sua preocupação sobre um possível "efeito dominó" do conflito no Sudão, e apelou à cessação das hostilidades.
Os combates no Sudão começaram a 15 de abril, após semanas de tensões sobre a reforma das forças de segurança durante as negociações para a formação de um novo governo de transição.
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