A mãe de Tyre Nichols, um jovem morto pela polícia da cidade de Memphis, no estado norte-americano do Tennessee, processou a autarquia e membros do departamento policial, exigindo uma indemnização de 500 milhões de dólares (cerca de 456,3 milhões de euros).

Segundo o processo, citado pela ABC News, o advogado de RowVaughn Wells considerou que o incidente equivaleu a "tortura", esperando que o caso seja um exemplo sobre como deve ser feita justiça contra a opressão policial a jovens negros nos Estados Unidos da América.

"Este processo histórico não pretende apenas justiça pelo Tyre Nichols nos tribunais, mas é também uma mensagem que está a ser enviada a todas as cidades da América que têm estas unidades policiais de opressão, às quais é dada licença pelos líderes autárquicos para aterrorizar comunidades afro-americanas", disse o advogado, Ben Crump, numa conferência de imprensa à porta do tribunal de Memphis.

De recordar que Tyre Nichols, um jovem de 29 anos, foi parado pela polícia em janeiro de 2023, tendo sido agredido e alvejado com um 'taser' várias vezes, a poucos metros da casa da mãe, a quem gritou por ajuda. Os serviços de emergência foram chamados ao local, mas tardaram em responder e em prestar o apoio necessário, e Nichols acabaria por morrer três dias depois no hospital.

As câmaras corporais revelaram mais tarde que não havia provas que justificassem, não só a paragem e detenção, como também a grande violência levada a cabo pelos polícias, que agrediram e pontapearam o homem quando este se encontrava no chão, de barriga para baixo.

No processo, apresentado esta quarta-feira, Crump considera ainda que houve força excessiva pelas autoridades e "indiferença deliberada a necessidades médicas sérias", além de referir que a operação rodoviária não foi "razoável".

A mãe de Nichols também acusa a cidade por não treinar de forma correta a unidade SCORPION, a força policial envolvida na morte, e diz sofrer emocionalmente pelos "atos negligentes e omissões" pelos agentes na sequência do ataque.

"Isto não tem nada a ver com o valor monetário da queixa, mas tem tudo a ver com responsabilização. Estes cinco polícias assassinaram o meu filho. Agrediram-no até à morte. E precisam de ser responsabilizados, juntamente com todos aqueles que tiveram algo a ver com o homicídio do meu filho", disse RowVaughn Wells, na mesma conferência de imprensa.

Os cinco agentes envolvidos na detenção e morte de Tyre Nichols - Tadarrius Bean, Demetrius Haley, Desmond Mills Jr., Emmitt Martin III e Justin Smith - foram formalmente acusados de homicídio em segundo grau e afastados da força policial. Vários outros agentes foram demitidos.

A morte de Tyre Nichols, à semelhança do que aconteceu com George Floyd em 2020, despertou mais uma onda de protestos contra a violência policial nos Estados Unidos, em particular contra jovens afro-americanos, que são muito mais afetados por discriminação racial e por opressão por parte das forças de autoridade.

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