Líder do Grupo Wagner quer julgar ex-mercenários que denunciaram crimes 

Dois ex-mercenários confessaram ter cometido crimes de guerra na Ucrânia. O líder do Grupo Wagner afirma que as alegações são um "absurdo completo".

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© Mikhail Svetlov/Getty Images

Márcia Guímaro Rodrigues
20/04/2023 17:37 ‧ 20/04/2023 por Márcia Guímaro Rodrigues

Mundo

Guerra na Ucrânia

O líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, revelou, esta quinta-feira, que avançou com um processo criminal contra Azamat Uldarov e Savichev Alexei Vladimirovich, os dois ex-mercenários que denunciaram alegados crimes de guerra cometidos na Ucrânia, e ainda contra Vladimir Osechkin, fundador da organização Gulagu.net.

Em causa está uma entrevista dos dois ex-mercenários a Osechkin, na qual Uldarov disse ter recebido ordens de Prigozhin para matar civis maiores de 15 anos em Bakhmut e confessou ainda ter matado mulheres e crianças. Mais tarde, Uldarov desmentiu as próprias alegações e disse que “estava bêbado” e que foi chantageado para dar a entrevista.

Na plataforma Telegram, o serviço de informação do líder do Grupo Wagner afirmou que “duas pessoas” que integraram a organização “deram uma entrevista ao inimigo”, na qual “muitos disparates paranóicos foram ditos”. “Nenhuma das informações tem algo a ver com a realidade. É um absurdo completo, além ficção”, garantiu. 

Após a entrevista, ambos “ligaram para o Grupo Wagner, choraram e pediram desculpa”. Neste sentido, o responsável decidiu avançar com “um pedido de abertura de um processo criminal contra Azamat Uldarov e Savichev Alexei Vladimirovich” e “uma queixa contra o cidadão Osechkin por chantagem”

Em entrevista à organização Gulagu.net, Azamat Uldarov, que foi recrutado pelo Grupo Wagner quando cumpria pena de prisão numa colónia russa, afirmou que recebeu “ordens para disparar contra todos os maiores de 15 anos. Entre 20 e 24 pessoas foram baleadas, incluindo dez adolescentes entre os 15 e os 17 anos”

Dias mais tarde - em declarações por videochamada à agência de notícias russa RIA-FAN, que está associada a Yevgeny Prigozhin - o ex-mercenário referiu que estava bêbedo quando foi entrevistado pelo fundador da organização Gulagu.net, Vladimir Osechkin,  e alegou que tinha sido chantageado.

“Obrigaram-no a dizer o que disse no vídeo, certo?”, questionou a RIA-FAN, citada pela CNN Internacional. “Não só é certo, como explicitamente correto. Tive de o fazer porque não tinha escolha”, respondeu o ex-combatente.

“Disse o que me foi dito para dizer”, acrescentou, sublinhando que “Prigozhin é um grande homem”.

O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou a 24 de fevereiro de 2022 com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.

A ONU confirmou que mais de oito mil civis morreram e cerca de 14 mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.

Leia Também: Ucrânia critica "incapacidade" da UE na compra conjunta de munições

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