Zelensky classifica líderes que permanecem neutro como populistas
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, considerou hoje que os líderes que adotam posturas de neutralidade em relação à invasão russa da Ucrânia são populistas.
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Mundo Ucrânia
As palavras de Zelensky, feitas através de uma mensagem de vídeo a um comité de deputados mexicanos, são uma aparente referência a líderes como o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.
O chefe de Estado do Brasil referiu que a solução pacífica para acabar com a guerra é a Ucrânia desistir dos seus territórios, considerando que as culpas têm de ser repartidas pelos dois lados.
As palavras do Presidente brasileiro, proferidas na presença do chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, foram de imediato criticadas pelo Ocidente, sobretudo pela União Europeia e pelos Estados Unidos, o que obrigou Lula da Silva a "emendar a mão" para salientar que condena a invasão russa da Ucrânia e defende a paz.
"Ao mesmo tempo em que o meu Governo condena a violação da integridade territorial da Ucrânia, defendemos uma solução política negociada. Falei da nossa preocupação com os efeitos da guerra, que extrapolam o continente europeu", disse, posteriormente, Lula da Silva.
O México, liderado por Andrés Manuel López Obrador, votou pela condenação da invasão, embora se tenha recusado a impor sanções económicas à Rússia, noticiou a agência Associated Press (AP).
"Existem alguns líderes que não visitaram a Ucrânia uma única vez e que não viram o que a brutal agressão russa trouxe e por que é importante defender vidas", sustentou Zelensky na sua mensagem.
O chefe de Estado acusou estes líderes de "simplesmente procurarem alcançar algum tipo de populismo".
"Dizem coisas como se a Ucrânia supostamente não estivesse pronta para procurar a paz", acrescentou.
Zelensky também criticou "diferentes empresas e grandes multinacionais que querem ganhar milhões a negociar com a Rússia", destacando que "infelizmente, o mundo está cheio de hipocrisia".
O Presidente ucraniano foi aplaudido de pé pelos deputados do Grupo de Amizade México-Ucrânia, a maioria dos quais pertencem a partidos de oposição.
Em 2022, López Obrador condenou a política da NATO de apoiar a Ucrânia, alegando que era "imoral" e o equivalente a dizer: "Eu forneço as armas e vocês fornecem os mortos".
A Rússia procurou reforçar as suas pontes diplomáticas na América Latina esta semana, com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia a visitar o Brasil, Nicarágua, Venezuela e Cuba.
Serguei Lavrov, nos encontros com o Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, e o recém-reeleito Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, criticou as sanções dos Estados Unidos a estes países.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.534 civis mortos e 14.370 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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