O Programa Alimentar Mundial (PAM) é responsável por entregar alimentos da ONU e de outros parceiros no Tigray, centro de uma devastadora guerra civil de dois anos que terminou com um cessar-fogo em novembro.
Mais de cinco milhões das seis milhões de pessoas que vivem na região dependem desta ajuda.
O PAM informou em 20 de abril os parceiros humanitários que a entrega de alimentos estava temporariamente suspensa devido à apropriação indevida de alimentos, contou à Associated Press (AP) um dos quatro trabalhadores humanitários. Três outros funcionários confirmaram esta informação, tendo todos justificado o anonimato por não haver autorização para falar sobre o assunto.
No último mês, a AP relatou que o PAM estava a investigar casos de desvio e de apropriação indevida de alimentos na Etiópia, onde 20 milhões de pessoas dependem de ajuda humanitária devido à seca e ao conflito.
Uma carta enviada em 05 de abril pelo diretor do PAM na Etiópia exortou os parceiros humanitários a partilharem "qualquer informação ou caso de uso indevido, apropriação indevida ou desvio de alimentos de que tenham conhecimento ou que tenha sido levado ao seu conhecimento pelas equipas, beneficiários ou autoridades locais".
Nessa altura, dois trabalhadores humanitários contaram à AP que os alimentos roubados incluíam comida suficiente para alimentar 100.000 pessoas. A comida foi descoberta num armazém na cidade de Sheraro, no Tigray. Não ficou claro quem foi o responsável pelo roubo.
O novo presidente interino do Tigray, Getachew Reda, afirmou no mês passado ter debatido o "crescente desafio do desvio e roubo de ajuda alimentar destinada aos mais necessitados", com altos funcionários do PAM durante a visita da agência a Mekele, a capital regional.
Um porta-voz do PAM na Etiópia não respondeu ao pedido de comentário endereçado pela AP.
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