Guterres diz ser essencial que crise no Sudão não se alastre a vizinhos
O secretário-geral das Nações Unidas classificou hoje de "absolutamente essencial" que a crise no Sudão não se alastre para além das suas fronteiras e não ameace as transições democráticas e os processos de paz em curso nos países vizinhos.
© Lusa
Mundo Sudão
Os combates entre o exército liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhan e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), do general Mohamed Hamdane Daglo, provocaram a fuga de 100.000 pessoas para os países vizinhos, segundo a ONU, que espera um número oito vezes superior.
Os dois rivais acordaram várias tréguas, que não foram respeitadas.
"A situação atual é totalmente inaceitável. Tem de haver um cessar-fogo duradouro", afirmou António Guterres, numa conferência de imprensa em Nairobi, capital do Quénia.
O secretário-geral da ONU disse estar "muito preocupado" com o facto de o conflito poder alastrar a países vizinhos politicamente conturbados ou em situação de pós-conflito, como o Chade, o Sudão do Sul e a Etiópia.
"É absolutamente essencial prestar um apoio maciço ao Chade na situação atual. Por outro lado, temos outros países da região que estão a realizar os seus próprios processos de paz. A Etiópia está num processo de paz (após dois anos de guerra em Tigray). É absolutamente essencial evitar que o Sudão se propague para a Etiópia", apontou.
E acrescentou: "O Sudão do Sul está a passar por um processo lento e difícil para implementar os acordos que foram alcançados. Qualquer perturbação no Sudão do Sul seria extremamente perigosa", acrescentou.
A ONU foi "apanhada de surpresa" pela guerra no Sudão, pois esperava-se que as negociações em curso entre os dois generais dessem frutos.
"Não esperávamos que isto acontecesse", reconheceu.
O Sudão entrou hoje no 19.º dia consecutivo de confrontos entre o exército e RSF, um conflito que já fez pelo menos 550 mortos e mais de 4.200 feridos e obrigou milhares de sudaneses a deslocarem-se para zonas mais seguras do país ou a refugiarem-se em nações vizinhas como o Sudão do Sul, o Egito ou o Chade.
As duas partes envolvidas no conflito realizam hoje o terceiro e último dia de uma trégua, a terceira consecutiva, apesar de se continuarem a registar confrontos.
O Sudão do Sul, país vizinho e mediador desta trégua, anunciou hoje que os dois chefes militares rivais, os generais Abdel Fattah al-Burhan e Mohamed Hamdan Dagalo, acordaram em princípio numa trégua de sete dias a partir de quinta-feira.
Os combates iniciaram-se após semanas de tensão sobre a reforma das forças de segurança nas negociações para a formação de um novo governo de transição. Ambas as forças estiveram por trás do golpe conjunto que derrubou o executivo de transição do Sudão em outubro de 2021.
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