O ex-presidente Jair Bolsonaro reafirmou, na tarde desta quarta-feira, que não cometeu “nenhuma fraude”. As afirmações ocorrem após ser alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) que investiga irregularidades em dados de vacinação contra a Covid-19.
Segundo Bolsonaro, o cumprimento de mandados de busca e apreensão na casa dele, esta manhã, foi uma ação policial com objetivo de “esculachar” [agredir].
“Essa questão de hoje, receber a PF na sua casa, não há dúvida de que é o que eu chamei de operação para te esculachar. Poderiam perguntar sobre vacinação para mim, sobre o cartão, eu responderia, sem problema nenhum. Agora é uma pressão enorme, 24 horas por dia, o dia todo, desde antes de assumir a Presidência, até agora. Não sei quando isso vai acabar”, declarou durante o programa Pânico, da Jovem Pan.
O ex-presidente chorou, inclusive. “Por que eu fico emocionado? Mexeu comigo, sem problema. Agora vai para a esposa, para a filha… É desumano”, prosseguiu.
Bolsonaro chora e diz que operação da PF em casa foi para “esculachar”
— PortalPE10 (@PortalPe10) May 3, 2023
Jair Bolsonaro (PL) foi alvo de operação da PF nesta quarta (3/5). Ele defendeu que não cometeu "nenhuma fraude" sobre dados da imunização pic.twitter.com/Gbc4GBcjgR
Após a operação, Bolsonaro reafirmou que não tomou a vacina contra a Covid-19 e negou ter falsificado dados. “Não existe adulteração da minha parte. Eu não tomei a vacina. Li a bula e não tomei. Minha filha de 12 anos não tomou. A Michelle [Bolsonaro] tomou nos EUA”, disse aos jornalistas.
Recorde-se que em causa estão 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, um dos quais em nome do ex-ajudante de Bolsonaro, Mauro Cid. A investigação está a tentar apurar alegadas suspeitas de alterações dos boletins de vacina contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.
Segundo o que adianta a TV Globo, duas doses de uma vacina teriam sido dadas a Jair Bolsonaro - a primeira, aplicada em agosto de 2022, e a segunda mais tarde, em outubro. Ambas terão sido dadas no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.
A alegada falsificação teria como objetivo garantir a entrada de Bolsonaro, familiares e auxiliares próximos nos Estados Unidos, saltando a regra de vacinação obrigatória. As autoridades ainda investigam a situação de outros membros da comitiva, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Em causa estará a inclusão de dados falsos durante o período de novembro de 2021 até dezembro do ano passado. As pessoas beneficiadas terão conseguido emitir certificados de vacinação e não cumprir assim as restrições sanitárias aplicadas pelos países - Brasil e EUA.
As autoridades referem ainda, citadas pela imprensa brasileira, que têm como objetivo "manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas" e "sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19".
Os factos investigados, segundo as autoridades locais, configuram em tese os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.
O inquérito está a ser investigado no Supremo Tribunal Federal.
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