"Nos últimos dias, o inimigo intensificou os bombardeamentos nas localidades situadas muito perto da linha de contacto", escreveu Yevgueni Balitski na plataforma digital Telegram, após uma reunião do Conselho de Segurança da região de Zaporijia, cuja anexação a Rússia declarou, apesar de não a ocupar na totalidade.
Assim, indicou ter ordenado a retirada "temporária" primeiro de "crianças com os seus pais", pessoas idosas e deficientes e doentes hospitalizados.
"Decidi afastar as crianças com os seus pais, os anciãos, os deficientes e os doentes de instituições médicas do fogo inimigo e transferi-los de localidades que estão na primeira linha de fogo para o interior", acrescentou.
Entre as localidades sujeitas a esta evacuação parcial está Energodar, onde se situa a central nuclear de Zaporijia, a maior da Europa.
E também Tokmak, um importante centro de comunicações no centro da região de Zaporijia e onde a Rússia teme um ataque, no âmbito da grande contraofensiva cujos preparativos Kiev afirma estar a concluir.
"Não podemos arriscar a segurança das pessoas e forneceremos fundos para viagens organizadas, pagamentos de quantias fixas, alojamento e refeições. A relocalização temporária será providenciada dentro da região", explicou Balitski.
Indicou igualmente que os alunos do ensino secundário vão continuar os estudos noutros estabelecimentos educativos, para terminarem o ano letivo, e os restantes menores poderão "descansar" em campos infantis.
"Reitero que esta é uma medida necessária para garantir a segurança dos residentes nos territórios na linha da frente. Os criminosos de Kiev têm como alvo as infraestruturas civis: estamos a ter em conta os seus métodos de guerra e a tomar as decisões apropriadas", sublinhou o governador interino imposto pela Rússia naquela província ucraniana ocupada.
O presidente do movimento "Juntos com a Rússia" em Zaporijia, Vladimir Rogov, afirmou hoje à agência oficial TASS que as Forças Armadas ucranianas iniciaram no princípio de maio ataques maciços às localidades próximas da linha da frente, que servem para sondar possíveis brechas na defesa russa antes de lançarem a grande contraofensiva.
Segundo a Rússia, a 01 de maio, o exército ucraniano atacou Mikhailivka -- outra das localidades que serão parcialmente evacuadas -- e Tokmak, fazendo oito mortos e 31 feridos.
Vasilivka, igualmente incluída na lista de localidades fornecida por Balitski, também foi bombardeada, mas não houve vítimas. Na quinta-feira, as forças ucranianas voltaram a atacar a cidade, noticiou a TASS.
As forças russas controlam cerca de 70% do território de Zaporijia, vizinha da província de Kherson, em cuja capital regional, controlada pelas forças ucranianas, entrará hoje em vigor um recolher obrigatório de 58 horas.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 436.º dia, 8.709 civis mortos e 14.666 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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