Numa aparente reação à explosão do carro de um destacado escritor pró-Kremlin, Zakhar Prilepin, que o deixou ferido e matou o seu condutor, o conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, considerou, este sábado, que "a máquina repressiva russa" está a acelerar o ritmo e arrasar com todos, apenas para "prolongar a agonia do ‘clã de [Vladimir] Putin’".
Fazendo referência a Moloch, deus adorado pelos amonitas, uma etnia de Canaã – antiga denominação da região correspondente à área do atual Estado de Israel, da Faixa de Gaza, da Cisjordânia, de parte da Jordânia, do Líbano e de parte da Síria – e demónio na tradição cristã e cabalística, Podolyak atirou que este novo ataque não passa de uma tentativa por parte do presidente russo de "manter o ilusório ‘controlo total’".
"Moloch é previsível. Nunca para de mastigar. Primeiro devora os inimigos, depois devora pessoas aleatórias e, finalmente, devora os seus. Para prolongar a agonia do ‘clã de Putin’ e manter o ilusório 'controlo total', a máquina repressiva russa acelera o ritmo e arrasa com todos, incluindo (para uma sobremesa especialmente requintada) os ativistas Z e V", escreveu, na rede social Twitter.
Moloch is always predictable. He never stops in his munching. First he devours his enemies, then he devours random people, and finally he devours his own. To prolong the agony of the "Putin’s clan" and to maintain the illusory "total control", the Russian repressive machine…
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) May 6, 2023
E rematou: "Na véspera do colapso, Moscovo estará extremamente sombria."
De notar que o incidente que envolveu Prilepin ocorreu na região de Nizhny Novgorod, a cerca de 400 quilómetros a leste de Moscovo.
Entretanto, a Rússia acusou os Estados Unidos, a NATO e a Ucrânia de planearem "um atentado terrorista" contra o escritor nacionalista, naquela que é a terceira explosão que envolve figuras proeminentes pró-Kremlin desde o início da guerra na Ucrânia.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram mais de 8.709 civis desde o início da guerra e 14.666 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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