Segurança reforçada no Dia da Vitória na Rússia. Afinal, o que significa?
Após o recente ataque contra o Kremlin, as comemorações russas do Dia da Vitória (9 de maio) -- que assinala a derrota do regime nazi, na Segunda Guerra Mundial -- realizam-se num formato com muitas restrições.
© Artem Priakhin/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
Mundo Rússia
Uma semana depois de um ataque com 'drones' ao Kremlin, as medidas de segurança em Moscovo foram reforçadas, com o Presidente Vladimir Putin a tomar em mãos a organização do evento, e a célebre marcha militar vai acontecer em formato limitado.
Eis uma lista de perguntas e respostas sobre as comemorações do Dia da Vitória.
O que assinala o Dia da Vitória?
O Dia da Vitória comemora a vitória europeia dos Aliados sobre o regime da Alemanha nazi, no final da Segunda Guerra Mundial, em 08 de maio 1945. Nos países sob influência da antiga União Soviética, a partir de 1967, o Dia da Vitória começou a ser comemorado nos dias 09 de maio, referindo-se ao dia da capitulação das forças nazis perante as tropas soviéticas, e passou a ser considerado um dia feriado.
Na maior parte dos países europeus ocidentais, continuou a celebrar-se o Dia da Vitória em 08 de maio.
Este ano, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, apresentou uma proposta para que a data passe a ser celebrada também a 08 de maio, como nos países ocidentais, numa iniciativa que já foi aplaudida pela presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen.
Que significado tem o Dia da Vitória de 2023 para a Rússia?
Mais de um ano depois do início do que o Kremlin chama de "operação militar especial" na Ucrânia, o Kremlin quer repetir uma demonstração de força, sobretudo nas vésperas de uma eventual contra-ofensiva ucraniana, anunciada para esta primavera.
As autoridades ocidentais estimam que na invasão russa da Ucrânia possam já ter morrido mais de 20.000 soldados comandados por Moscovo, mas o Kremlin não assume esta dimensão das perdas e prometeu fazer do Dia da Vitória uma manifestação "do invulnerável poderio militar" da Rússia.
Que festejos estão a ser preparados na Rússia para o Dia da Vitória deste ano?
Na preparação das cerimónias deste ano, cresce o nervosismo entre as autoridades russas, após um ataque com 'drones' contra o Kremlin, que Moscovo considerou que se destinava a tentar assassinar o Presidente Vladimir Putin, imputando responsabilidade a Kiev e a Washington (que desmentem estar por detrás da iniciativa).
O voo de aviões não tripulados está proibido em Moscovo (como em São Petersburgo) e foram detetados mecanismos de interferência em sinais de GPS, como medidas de segurança, numa Praça Vermelha que vai estar sob rigorosa vigilância.
O Presidente russo, Vladimir Putin, tomou pessoalmente em mãos a organização das cerimónias, tendo reunido com o seu Conselho de Segurança, onde pontificam as mais altas patentes das agências de segurança e de informações.
Este ano, na parada militar -- solenemente apelidada de "Marcha do Regimento Imortal" - apenas devem desfilar as tropas de reserva, já que uma parte relevante dos soldados efetivos estão envolvidos no conflito na Ucrânia.
Contudo, oficialmente, o Kremlin não assume esta decisão, dizendo apenas que a Marcha do Regimento Imortal "acontecerá num outro formato", não especificando qual.
Em várias regiões ocupadas pelas forças russas, incluindo Kursk, Belgorod e a Crimeia, as paradas militares não se vão realizar.
Que outras antigas repúblicas soviéticas ainda celebram o Dia da Vitória?
A maioria das repúblicas que pertenceram à União Soviética, bem como vários países que estiveram sob a sua influência, ainda hoje celebram este dia, com diferentes designações e com diferentes modelos (alguns preservam o dia de feriado, outras apenas o recordam com pequenas festividades).
Este ano, tal como aconteceu em 2022, vários países estão a planear celebrações mais modestas e discretas, ou mesmo o seu cancelamento, como é o caso da Moldova.
As celebrações russas do Dia da Vitória deste ano vão ter convidados internacionais?
Os 'media' russos estão a noticiar que as cerimónias terão um leque de convidados internacionais muito reduzido, tal como aconteceu no ano passado, com o Kremlin a voltar a justificar a decisão com o facto de não se tratar de uma "data redonda".
Para já, estão confirmadas as presenças do Presidente do Quirguistão, Sadyr Japarov, e do Presidente do Tajiquistão, Emomali Rahomon, líderes de duas nações que têm reiterado o seu apoio incondicional à Rússia.
Em 1995, quando da celebração dos 50 anos da vitória europeia da Segunda Guerra Mundial, muitos líderes mundiais convergiram em Moscovo, naquele que era o primeiro grande evento estatal após a queda do Muro de Berlim.
Em 2015, na comemoração dos 70 anos, estiveram presentes os presidentes de países como a Índia e a China, mas a maioria dos líderes ocidentais boicotaram a cerimónia, por causa da anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014.
Em 2020, as celebrações dos 75 anos do Dia da Vitória foram adiadas por causa da pandemia de covid-19.
A quantas celebrações do Dia da Vitória poderá Putin ainda presidir?
Em 2021, Putin assinou uma lei que lhe permitirá continuar no cargo de Presidente da Rússia durante mais 13 anos, até 2036.
Se conseguir esse feito, nesse ano de 2036 Putin terá completado 36 no Kremlin, mais do que Estaline, que foi Presidente durante 29 anos.
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