Universidades na história se produzirem conhecimento que "chegue a todos"
O reitor emérito de Harvard defendeu hoje que as universidades mais prestigiadas são as mais restritas e de mais difícil acesso, mas ficarão para a história as que produzirem conhecimento que "chegue a todos".
© Stefan Wermuth/Bloomberg via Getty Images
Mundo Harvard
"As universidades, como os clubes de elite, definem a sua grandeza não pelo número de pessoas que entram no clube, mas pelas que ficam de fora do clube. O desafio que as universidades têm pela frente é fazer com que a fronteira do conhecimento humano chegue a todos os povos do planeta", disse hoje Lawrence Summers, durante o V Encontro Internacional de Reitores Universia, que decorreu em Valência.
Para Lawrence Summers, passar os muros das universidades é atualmente uma missão mais fácil graças à tecnologia: "Hoje já existem mais 'smartphones' do que pessoas, e esta mudança é épica", disse, durante uma conversa com a presidente do Banco Santanter, Ana Botín, que o questionou sobre qual "o grande desafio" que enfrentam as instituições.
O ex-reitor acredita que o maior desafio é conseguirem "ir além das fronteiras da própria universidade, do próprio campus e chegar a toda a gente", defendendo que as que o conseguirem fazer ficarão na "história do século XXI".
Entre o que mais preocupa o economista norte-americano está o medo de as instituições se acomodarem e não quererem sair da sua zona de conforto, um problema que exemplificou recordando os tempos de reitor em que ouvia os seus alunos queixarem-se de ter ouvido algo na sala de aula que não tinham gostado.
"Eu dizia-lhes, se nunca se sente incomodado então a sua Educação foi um fracasso. A Educação deve ser algo que o desafia, que o faz pensar em coisas que o incomodam, que não tinha pensado antes. Se se quer sentir confortável, então sugiro que não venha para uma universidade como a nossa e fique fechado no seu quarto, em casa dos seus pais", contou.
Questionado sobre a forma como devem ser geridos os recursos financeiros atribuídos às universidades, o professor de Harvard afirmou que, tal como nas empresas, também devem ser alvo de uma avaliação regular, mas "feita com cuidado".
Lawrence Summers recordou o caso de um catedrático que escreveu um livro sobre justiça há 75 anos e que "mudou o pensamento" da altura, mas na década anterior o professor nunca tinha publicado nada.
"A nossa sociedade investe muitíssimo nas universidades e a sociedade tem direito de perguntar e querer saber o que produz a universidade", mas com cautela, defendeu.
Outro dos alertas feitos hoje pelo economista foi para o perigo dos governos quererem decidir o que se deve ensinar nas universidades ou tentar proibir teorias que lecionam alguns professores: "Controlo intelectual não pode ser".
Perante uma plateia de centenas de reitores, o professor de Harvard defendeu ainda que "não se pode ter sucesso se não se preparar os alunos para o trabalho que vão desempenhar e pelo qual as empresas estão dispostas a pagar".
Para que isso seja possível, acrescentou, é preciso que universidades e empresas estejam ligadas "para que o conhecimento que vão gerar tenha um impacto real na sociedade".
Recordando os acontecimentos dos últimos anos, desde a pandemia de covid-19, à guerra e agora à inflação, Lawrence Summers defendeu que este é "o século em que as ideias são mais importantes do que nunca", voltando a apontar as Universidades como motores de mudança.
No caso da covid-19, o catedrático reconheceu que "foi uma catástrofe, mas não foi tão catastrófica como poderia ter sido se tivesse ocorrido há 20 anos, por toda a revolução que aconteceu na biologia que nos permitiu ter uma vacina em menos de um ano. Isto não teria acontecido sem as universidades".
O reitor emérito recordou que "mais de 100 milhões de pessoas já usaram o ChatGPT e antes nada na história da humanidade poderia ter um crescimento tão exponencial como isso e a universidade é a fonte de todas estas conquistas e todos estes resultados".
O encontro em Valencia reuniu cerca de 700 reitores de 14 paises que representam 14 milhoes de estudantes em todo o mundo.
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