Próximos 5 anos mais quentes no Ártico e na Amazónia e húmidos no Sahel

Os próximos cinco anos serão de mais calor no Ártico e na Amazónia, mas parte do Sahel será mais húmida, segundo as previsões hoje anunciadas pela Organização Meteorológica Mundial (OMM).

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Lusa
17/05/2023 19:46 ‧ 17/05/2023 por Lusa

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Numa conferência de imprensa hoje em Genebra os especialistas da OMM alertaram para aumentos sem precedentes das temperaturas globais, a que está associado o fenómeno meteorológico "El Niño", que deve começar a manifestar-se em breve e que provoca aumentos globais das temperaturas.

O planeta está agora a sair de outro fenómeno, o "la niña", que durante três anos consecutivos impediu que fosse maior o aquecimento global provocado pelo Homem, e a entrar no "el niño", que alguns cientistas preveem que seja forte.

Devido a esta mudança, "onde antes havia inundações haverá secas, e onde antes havia secas poderá haver inundações", disse o cientista Leon Hermanson, especialista em clima.

Os responsáveis da OMM precisaram que a Amazónia, a América Central, a Indonésia e a Austrália serão anormalmente secas durante boa parte dos próximos cinco anos, com as altas temperaturas a afetarem também a região em torno do Ártico, onde a anomalia de temperatura poderá ser três vezes superior à registada no resto do mundo.

O secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, alertou que o aumento de temperatura a curto prazo pode "ter repercussões na saúde das pessoas, na segurança alimentar, na gestão da água e no ambiente" e apelou a que se "esteja preparado".

Os especialistas da OMM admitem que nos próximos anos o planeta poderá ter de suportar, em determinados momentos, temperaturas até 1,8 graus superiores à média do período 1850-1900, utilizado como referência por ser anterior à emissão de gases com efeito de estufa provenientes de atividades humanas e industriais.

"Isto não significa que vamos ultrapassar permanentemente o nível de 1,5 graus previsto no Acordo de Paris, que se refere ao aquecimento a longo prazo. No entanto, a OMM alerta para o facto de que excederemos o nível de 1,5 graus de forma transitória e com uma frequência crescente", afirmou Petteri Taalas.

O ano mais quente de que há registo foi 2016 - quando se registou um "El-Niño muito forte -, mas as previsões da OMM indicam que é muito provável que este nível possa ser ultrapassado antes de 2027.

O Acordo de Paris sobre o clima estabeleceu os 1,5ºC (graus celsius) como o limite global para o aquecimento atmosférico, com praticamente todos os países do mundo a comprometerem-se a tentar evitar que se chegasse a esse valor.

Num relatório especial das Nações Unidas de 2018, os cientistas afirmaram que ultrapassar esse ponto seria drástica e perigosamente diferente, com mais mortes, destruição e danos nos ecossistemas globais.

"Provavelmente não será este ano. Talvez seja no próximo ano ou no ano seguinte" que se atingirá uma média de 1,5ºC disse Leon Hermanson.

Mas os cientistas do clima afirmam que o que é provável que aconteça nos próximos cinco anos não é o mesmo que falhar o objetivo global.

"Este relatório não significa que vamos ultrapassar permanentemente o nível de 1,5°C especificado no Acordo de Paris, que se refere ao aquecimento a longo prazo, durante muitos anos. No entanto, a OMM está a fazer soar o alarme de que iremos ultrapassar o nível de 1,5º C numa base temporária e com uma frequência crescente", afirmou Petteri Taalas.

"Não conseguimos limitar o aquecimento até agora e continuamos a avançar na direção errada", lamentou.

A OMM estimou recentemente que "El-Niño" poderá começar a manifestar-se nos próximos meses, coincidindo com o inverno austral e com o verão no hemisfério norte.

O "El-Niño" é um aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico, que leva a um aquecimento global e a anos secos. O "La-Ñina" é o fenómeno contrário, de arrefecimento das águas.

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