EUA e Papua Nova Guiné assinam pacto para conter China no Pacífico Sul
Os Estados Unidos assinam hoje um pacto de segurança com a Papua Nova Guiné, num período de crescente competição por influência na região do Pacífico Sul.
© Papua New Guinea government/Handout via REUTERS
Mundo EUA
O Departamento de Estado norte-americano disse que o novo acordo vai fornecer uma estrutura para ajudar a melhorar a cooperação no âmbito da segurança, aumentar a capacidade das forças de defesa da Papua Nova Guiné e reforçar a estabilidade regional.
O primeiro-ministro da Papua Nova Guiné, James Marape, disse hoje que o país enfrenta desafios de segurança significativos, desde escaramuças internas até barcos de pesca ilegais que "iluminam a noite como arranha-céus".
"Temos a nossa segurança interna, bem como as nossas questões de segurança de soberania", disse Marape. "Estamos a avançar nessa frente para garantir a segurança das nossas fronteiras", apontou.
O acordo gerou protestos estudantis na segunda maior cidade, Lae. Existe crescente preocupação no Pacífico Sul com a militarização da região.
A localização da Papua Nova Guiné, a norte da Austrália, torna o país estrategicamente significativo. Com uma população de quase 10 milhões de pessoas, é a nação insular mais populosa do Pacífico e foi palco de batalhas ferozes durante a Segunda Guerra Mundial.
No ano passado, as vizinhas Ilhas Salomão assinaram um pacto de segurança com a China, gerando alarme em todo o Pacífico. Os EUA aumentaram o foco na região. Washington abriu embaixadas nas Ilhas Salomão e em Tonga, recuperou os esforços voluntários do Corpo da Paz e incentivou mais investimentos empresariais.
Mas alguns questionaram o quão confiável são os EUA como parceiro no Pacífico, especialmente depois de o Presidente norte-americano, Joe Biden, ter cancelado os seus planos de fazer uma paragem histórica em Papua Nova Guiné para assinar o pacto.
Biden estava prestes a tornar-se o primeiro chefe de Estado norte-americano em exercício a visitar um país das ilhas do Pacífico, mas acabou por cancelar a viagem, para se concentrar nas negociações sobre o limite da dívida dos EUA.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, viajou no lugar de Biden e chegou esta manhã à Papua Nova Guiné. Em resposta, a China alertou contra a introdução de "jogos geopolíticos" na região.
A visita dos EUA foi programada para coincidir com uma viagem do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que está a organizar uma reunião com líderes das ilhas do Pacífico para discutir formas de promover a cooperação.
O primeiro-ministro da Nova Zelândia, Chris Hipkins, disse ter estado reunido com Marape e também vai encontrar-se com Blinken na Papua Nova Guiné.
"Não estamos interessados na militarização do Pacífico", disse Hipkins. "Temos interesse em trabalhar com o Pacífico [Sul] em questões de interesse mútuo. Questões em torno das alterações climáticas. Não vamos colocar amarras militares nesse apoio", frisou.
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