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Enviado do Vaticano à Ucrânia considera guerra uma "pandemia"

O cardeal Matteo Zuppi, enviado especial do Papa Francisco à Ucrânia, considerou a guerra "uma pandemia" e instou os cristãos a serem "pacificadores". 

Enviado do Vaticano à Ucrânia considera guerra uma "pandemia"
Notícias ao Minuto

12:33 - 23/05/23 por Lusa

Mundo Ucrânia

"A guerra é uma pandemia. Envolve-nos a todos", disse Zuppi na abertura da Conferência Episcopal italiana, hoje em Roma, nas primeiras declarações após ter sido nomeado para o cargo de enviado especial do Papa à Ucrânia.

"A Igreja e os cristãos acreditam na paz. Todos nós somos chamados a ser pacificadores, ainda mais, na terrível tempestade dos conflitos", acrescentou.

O cardeal Zuppi apelou à construção de uma "cultura de paz" face à "profunda ansiedade, por vezes não expressa e muitas vezes não ouvida dos povos que precisam de paz".

No passado sábado, o Vaticano confirmou que o Papa nomeou Zuppi para a missão que tem como finalidade "ajudar a atenuar as tensões sobre o conflito na Ucrânia, na esperança (...) de que possam ser trilhados caminhos no sentido do paz".

Sobre os "caminhos da paz" não foram obtidas mais informação, tendo o Vaticano afirmado que se tratam de assuntos em "análise".

Zuppi, 67 anos, é arcebispo de Bolonha, presidente da Conferência Episcopal italiana e tem experiência na mediação de conflitos através da Comunidade e Santo Egídio, a que pertence. 

Nos anos 1990, Matteo Zuppi esteve envolvido nos acordos de paz em Moçambique e na Guatemala e representou a equipa negocial da Comunidade de Santo Egídio no cessar-fogo no Burundi no ano 2000. 

O Papa Francisco anunciou a existência de uma "missão de paz" após a deslocação à Hungria, em abril, onde se encontrou com um enviado da Igreja Ortodoxa Russa.

Nas semanas que se seguiram, o Papa reuniu-se no Vaticano com o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que comunicou não aceitar "concessões territoriais" e que rejeitou a referência de Francisco "às vítimas de ambos os lados do conflito", afirmando que não pode haver "equivalência entre vítima e agressor".

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.895 civis mortos e 15.117 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: Papa Francisco encarrega cardeal para missão no caminho da paz na Ucrânia

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