Este pedido, divulgado na terça-feira pela presidência boliviana, surge depois de relatos dos 'media' sobre o falecido padre espanhol Alfonso Pedrajas, acusado de abusar de mais de 80 menores na Bolívia, onde chegou no início dos anos 1970.
"Exijo que a justiça boliviana tenha acesso a todos os arquivos, registos e informações sobre essas denúncias e factos de abuso sexual cometidos por padres e religiosos católicos em território boliviano", escreveu o Presidente boliviano Luis Arce numa carta enviada segunda-feira ao papa e divulgada em conferência de imprensa.
Luis Arce acrescenta que o Estado boliviano reserva o direito de proibir a entrada no território nacional de sacerdotes e religiosos estrangeiros que tenham histórico de abuso sexual de menores.
O caso, revelado no final de abril pelo jornal espanhol El Pais, deu origem na Bolívia a pelo menos oito denúncias contra padres da Companhia de Jesus, entre estes Pedrajas e outros três religiosos espanhóis, Luis Maria Roma, Alejandro Mestre e Antonio Gausset, já falecido.
Alguém próximo de Alfonso Pedrajas cedeu ao jornal espanhol o diário em formato digital do falecido padre jesuíta, onde confessa ter "magoado muita gente" e ter sido protegido pelos seus superiores.
Alfonso Pedrajas tinha-se estabelecido no início dos anos 1970 na Bolívia, intervindo em várias escolas até poucos meses antes de sua morte.
Este padre terá cometido a maior parte dos seus abusos na escola João XXIII, na cidade central de Cochabamba. Este internato acolheu crianças de meios desfavorecidos e áreas rurais.
Pedro Lima, um ex-padre jesuíta, garantiu à agência France-Presse (AFP) que também foram cometidos abusos sexuais contra jesuítas em treinamento.
"Entre as vítimas, há ex-jesuítas que foram formados por esta pessoa", assegurou este ex-padre expulso da Companhia de Jesus em 2001 por ter, segundo o próprio, denunciado abusos dentro da ordem.
A Conferência Episcopal Boliviana confirmou a visita do padre espanhol Jordi Bertomeu em breve para tratar da questão dos abusos sexuais no país.
Este último é um dos altos funcionários do Dicastério, equivalente a um ministério para a Santa Sé, para a Doutrina da Fé.
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