Plástico reciclado pode ser mais tóxico que o original, avisa Greenpeace

A organização ambiental deixou ainda claro que a reutilização de plástico não deve ser uma forma de combater a poluição e pede antes que seja reduzida a produção.

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Notícias ao Minuto
24/05/2023 08:43 ‧ 24/05/2023 por Notícias ao Minuto

Mundo

Crise Climática

Apesar de a reutilização de plástico reciclado ter-se tornado numa política comum para combater o aumento de resíduos no ambiente, desde vestuário a novos recipientes, a Greenpeace avisou, esta quarta-feira, que a reciclagem pode torná-lo ainda mais tóxico do que o original e pediu que os produtos com base em materiais reciclados não se tornem numa solução para a crise climática.

Um relatório, divulgado hoje por aquela que é a maior organização ambiental a nível mundial, explica que "os plásticos são inerentemente incompatíveis com a economia circular" e denunciou a quantidade de químicos presentes na reciclagem. Além disso, criticou as empresas que poluem mais o ambiente, por usarem esta tática para se apresentarem como sustentáveis.

"A indústria dos plásticos - incluindo a dos combustíveis fósseis, petroquímicos e bens de consumo - continua a avançar com a reciclagem de plásticos como uma solução para a crise de poluição. No entanto, a toxicidade do plástico na verdade aumenta com a reciclagem. Os plásticos não têm lugar na economia circular e é claro que a única solução real para acabar com a poluição de plásticos é reduzir massivamente a produção", afirmou a organização.

O relatório da Greenpeace consolidou vários estudos sobre o tema, e surge uma semana antes de vários líderes mundiais de 175 países se juntarem em Paris, para discutir o Tratado Global de Plásticos, para combater a poluição provocada por estes materiais e a para tentar chegar a um acordo para a redução da produção e consumo de plásticos. Alguns dos maiores problemas que devem ser discutidos pelos líderes, segundo os ativistas ambientais, são a utilização massiva de plásticos pela indústria da moda (especialmente pela 'fast fashion').

No entanto, a conferência já foi criticada por organizações não-governamentais, que repudiaram a falta de países do Sul Global, que são frequentemente as nações mais impactadas pela crise climática provocada por países mais desenvolvidos.

Os resultados do estudo apontam ainda que os plásticos reciclados contêm, frequentemente, níveis maiores de químicos, nomeadamente de retardantes tóxicos inflamáveis, agentes carcinogénicos, várias substâncias nocivas para o ambiente e ainda químicos que podem provocar mudanças hormonais no corpo humano.

Citado pela The Guardian, a cientista Therese Karlsson, da Rede Internacional de Eliminação de Poluentes (IPEN, na sigla em inglês), esclareceu que "os plásticos são feitos de químicos tóxicos e estes químicos não desaparecem simplesmente quando os plásticos são reciclados".

"A ciência mostra que reciclar plástico é uma prática tóxica que ameaça a nossa saúde e o ambiente durante todo o processo. No fundo, o plástico envenena a economia circular e os nossos corpos, e polui o ar, a água e a comida. Não devemos reciclar plásticos que contenham químicos tóxicos. Soluções reais para a crise devem obrigar a controlos globais nos químicos nos plásticos e uma redução significativa da produção", sublinhou a especialista.

Há, além disso, a dinâmica problemática de a maioria dos plásticos considerados recicláveis serem exportados por países tipicamente mais ricos, para países de zonas mais pobres do globo.

A Greenpeace USA concluiu que, desde os anos 50, já foram produzidas mais de 8 mil milhões de toneladas de plástico e os estudos internacionais demonstraram que apenas 9% dos plásticos foram, em algum ponto, reciclados. Os valores devem continuar, no entanto, a aumentar, com a organização internacional a prever que a produção triplique até 2060, apelando a uma redução significativa da presença de plástico na sociedade global.

Leia Também: Suíça. Cem ativistas ambientais detidos em protesto contra jatos privados

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