Mães acusam Exército russo de mobilizar recrutas para defender fronteira
O Exército russo está há meses a mobilizar recrutas que cumprem serviço militar obrigatório para defender a fronteira com a Ucrânia, noticiou hoje um portal noticioso russo independente que cita as mães dos jovens.
© Reuters
Mundo Guerra na Ucrânia
"[Os recrutas] São colocados à frente dos guardas de fronteira, como alvos. Homens que recebem um salário e que se alistaram voluntariamente são colocados atrás dos nossos jovens sem formação", denunciou um das mães destes jovens ao portal 7x7, citado pela agência Efe.
Depois de vária queixas, o presidente russo, Vladimir Putin, prometeu, alguns meses depois do início da guerra, que os recrutas não iriam ser enviados para a frente de batalha.
No entanto, estes, apesar de não combaterem em território ucraniano, são atacados de forma regular no outro lado da fronteira e, de acordo com a fonte, pelo menos sete morreram nos últimos meses em Belgorod.
O ataque na região que ocorreu na segunda-feira e que não foi confirmado pelo Ministério da Defesa ou pelas autoridades locais terá provocado a morte de três recrutas.
Já o diário Kommersant, que refere uma investigação do Comité de Formação Militar da Rússia estimou, na terça-feira, em dois o número de militares mortos, não tendo especificado se se tratavam de recrutas.
Os familiares dos recrutas dizem que estes não receberam formação adequada, uma vez que foram a campos de tiro por uma ou duas vezes e não têm equipamento ou comida suficiente.
"Foram enviados para o campo literalmente duas semanas depois de terem feito o juramento à bandeira", explicaram.
Cabe aos recrutas cavar e construir trincheiras, vivendo em fortificações com beliches e chão em terra batida.
As mães destes recrutas têm organizado protestos em frente aos edifícios governamentais, recebendo das autoridades a garantia de que estes não prestam serviço na zona de "operações militares especiais" -- não infringindo, assim, a lei.
Algumas das mães mais ativas nestas ações têm sido ameaçadas com represálias, chegando a ser acusadas de realizarem atividades hostis contra o Estado, pelo que temem que os seus filhos sejam enviados para as regiões anexadas por Moscovo em setembro de 2022 -- Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporíjia, agora consideradas território russo.
Tanto as autoridades de Belgorod, como os residentes na zona atacada criticaram o Ministério da Defesa por não garantir a segurança das fronteiras.
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