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Cravinho diz que orçamento para a política externa é sempre insuficiente

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, reconheceu hoje no parlamento que o orçamento para a política externa é sempre insuficiente, embora superior ao esperado para um país da dimensão de Portugal.

Cravinho diz que orçamento para a política externa é sempre insuficiente
Notícias ao Minuto

18:42 - 30/05/23 por Lusa

País Ministro dos Negócios Estrangeiros

Respondendo a uma observação do PSD, em sede da comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros, que considera os recursos orçamentais atualmente disponíveis para a política externa "indignos do cumprimento de uma função primordial da soberania nacional", sobretudo num período transformacional, comparável à queda do muro de Berlim, por exemplo, João Gomes Cravinho concordou com estas alegações mas não totalmente.

"Concordo com o senhor deputado Tiago Moreira de Sá [PSD], quando vivemos um momento parecido com aqueles que ele referiu (...) que significa que temos de estar particularmente ativos pensando sobre a forma como se está a alterar o sistema em que vivemos e aquilo que são os interesses portugueses face a essas transformações", afirmou o chefe da diplomacia.

No entanto, o governante, concordando igualmente que "a dotação é sempre insuficiente", advertiu que o seu tamanho seja "muitíssimo superior àquilo que seria de esperar num país com a dimensão territorial populacional de Portugal" e do que a economia consegue comportar.

"De forma mais ou menos permanente, tem-se conseguido sempre nestes últimos anos, claramente corresponder àquilo que são os grandes interesses da política externa portuguesa", defendeu o ministro.

Insistindo no papel de Portugal no multilateralismo, "num quadro internacional complicado", e no apoio à internacionalização da economia e às comunidades portuguesas, o ministro reiterou que, sendo insuficiente, o orçamento "corresponde de maneira muito satisfatória àquilo que é a nossa realidade e a nossa capacidade de fazer valer os nossos interesses no quadro internacional".

O governante foi igualmente confrontado pelo PSD com o insucesso na recente candidatura de António Vitorino à liderança da Organização Internacional para as Migrações (OIM), ou de João Leão para o Mecanismo Europeu de Estabilidade, ao contrário do aconteceu com outras nomeações para importantes cargos internacionais.

"Eu creio que isso é algo injusto", comentou Cravinho, elogiando o mérito dos dois candidatos.

Contudo, no caso de Vitorino, o ministro dos Negócios Estrangeiros recordou que havia muitos outros países com os quais teve de se bater contra uma candidatura extremamente determinada por parte dos Estados Unidos.

"Aquilo que eu acho que vale a pena sublinhar, no caso da OIM, é que o Dr. António Vitorino foi uma exceção em 60 anos, em que uma única vez desde o início dos anos 60 (a organização) foi liderada por um não americano", afirmou, lembrando que o ex-ministro português foi eleito em 2018 num quadro em que havia uma grande rejeição em relação aos Estados Unidos durante a administração de Donald Trump.

Agora com a administração de Joe Biden, apesar de Vitorino "merecer um segundo mandato", era "praticamente impossível" ganhar a uma candidatura muito determinada por parte dos Estados Unidos, que "têm outros instrumentos, têm outras capacidades, têm outras plataformas de diálogo que com os quais não podemos rivalizar", concluiu.

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