O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, garantiu esta quinta-feira que dará o "melhor para proteger as pessoas", depois de ter ocorrido uma situação de descuido das autoridades locais, na noite de quarta-feira em Kyiv, "quando as pessoas vieram ao abrigo e o abrigo estava fechado".
"Este dia longo e difícil está a chegar ao fim", começou por dizer no seu discurso noturno habitual, publicado nas suas redes sociais, dando as suas "condolências à família e amigos daqueles cujas vidas foram ceifadas pelos ataques russos".
"Fazemos o nosso melhor para proteger as pessoas. Mas proteger as pessoas é proteger a todos os níveis", destacou, realçando que os "abrigos devem estar disponíveis" e que este é "um dever das autoridades locais".
"Nunca mais uma situação como esta noite em Kyiv, quando as pessoas foram para o abrigo e o abrigo estava fechado, deveria acontecer novamente. É dever das autoridades locais – um dever muito específico – garantir a disponibilidade e disponibilização de abrigos 24 horas por dia. É doloroso ver uma atitude descuidada em relação a esse dever", lamentou, acrescentando que "dói ver perdas" e garantindo que "se o dever não for cumprido no terreno, é dever direto dos agentes da lei processar".
O líder ucraniano realçou que hoje se comemorou o Dia Internacional da Criança na Ucrânia, assim como em muitos outros países, como o caso de Portugal.
Foi também neste dia que "o estado terrorista tirou a vida de uma criança ucraniana", na sequência de vários bombardeamentos a diferentes cidades "de Kharkiv a Kherson, de Kyiv a Donbass".
O dia, salientou Zelensky, foi aproveitado "ao máximo" para dar mais um passo na "derrota dos terroristas", na responsabilização da Rússia por "cada assassino, cada terrorista".
Recorde-se que hoje pelo menos três pessoas morreram e dez ficaram feridas num ataque aéreo em Kyiv, disseram as autoridades militares ucranianas. As vítimas mortais foram uma menina de 9 anos, a sua mãe (34 anos) e outra mulher (33 anos), avançou a Polícia Nacional da Ucrânia.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada por Putin com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 463.º dia, 8.895 civis mortos e 15.117 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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