Agência da ONU elogia apoio a planos de segurança para central nuclear
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, admitiu hoje que foram dados passos certos em relação à "situação perigosa e frágil" na central nuclear ucraniana de Zaporijia, que está sob controlo russo.
© Reuters
Mundo Zaporijia
Grossi disse ao Conselho de Governadores da AIEA, reunido em Viena, que os cinco princípios que apresentou ao Conselho de Segurança da ONU sobre a central "receberam manifestações muito claras de apoio".
"Pedi respeitosa e solenemente a ambas as partes que respeitassem estes cinco princípios. Não prejudicam ninguém e são do interesse de todos", afirmou, citado pela agência espanhola Europa Press.
A central nuclear de Zaporijia, no sudeste da Ucrânia, a maior do género na Europa, está sob controlo da Rússia desde 04 de março de 2022, uma semana depois do início da invasão russa do país vizinho.
Os princípios apresentados por Grossi, na semana passada, implicam que não haja qualquer tipo de ataque a partir da central ou contra ela e que o complexo não seja usado para armazenar armas pesadas.
A AIEA defende também que o fornecimento externo de eletricidade não deve ser posto em risco, que todas as estruturas e sistemas devem ser protegidos contra ataques ou sabotagem e que não seja tomada qualquer ação para minar os princípios propostos.
Grossi disse que os peritos da AIEA presentes na central lhe apresentarão um relatório sobre o respeito pelos princípios definidos pela agência e avisou que denunciará publicamente quaisquer violações.
"Estes princípios são necessários porque o risco para a central de Zaporijia aumentou nos últimos meses, devido a um incremento das ações militares", afirmou.
Grossi disse que as três centrais nucleares em funcionamento na Ucrânia tiveram de reduzir a potência em consequência direta da atividade militar.
"Um acidente ou incidente nuclear não discrimina a filiação nacional das pessoas e causaria miséria num local onde já existe demasiada miséria", avisou.
O diretor-geral da agência da ONU, com sede em Viena, disse ainda que foi enviado para a Ucrânia equipamento de segurança nuclear no valor de cinco milhões de euros desde o início da guerra, em 24 de fevereiro de 2022.
"Estamos a criar um programa global de cuidados de saúde, incluindo equipamento e apoio psicológico a todo o pessoal ucraniano das centrais nucleares", afirmou.
Segundo Grossi, a AIEA está perto de conseguir o financiamento necessário para as missões de peritos deste ano, "graças ao generoso apoio dos Estados-Membros" da organização.
A central de Zaporijia tem seis reatores que entraram em funcionamento entre 1984 e 1995, mas que foram sendo desligados, o último dos quais em setembro do ano passado.
A Rússia declarou que a central passou a pertencer-lhe por ter anexado a região de Zaporijia em setembro, juntamente com as de Donetsk, Lugansk e Kherson, depois de ter feito o mesmo à Crimeia em 2014.
A Ucrânia e a generalidade da comunidade internacional não reconhecem estas anexações.
Os combates em torno da central têm levado a AIEA a alertar para o perigo de um acidente catastrófico num país que registou, em 1986, o pior desastre nuclear do género na central de Chernobyl.
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