Polícia de Nova Iorque acusada de buscas abusivas contra pessoas negras
O mandato de Eric Adams à frente da cidade tem sido marcado por um maior investimento e importância para as forças de segurança, mas, se a polícia já era acusada de atitudes racistas e autoritárias, estas só se têm intensificado nos últimos meses.
© Reuters
Mundo Nova Iorque
Apesar do crescente número de protestos e movimentos contra a violência policial e discriminação racial pelos Estados Unidos e pelo mundo (incluindo em Portugal), um novo relatório divulgado na segunda-feira demonstrou que a polícia de Nova Iorque, uma das forças mais acusadas de violência excessiva contra pessoas racializadas, está a aumentar a quantidade de buscas 'aleatórias' nas ruas.
O relatório foi feito por um monitor nomeado pela justiça, Mylan Denerstein, que apontou que certas unidades das Equipas de Segurança de Bairros (NST) da policia nova-iorquina, que foram especificamente criadas para combater a violência armada em bairros mais perigosos, estão a tomar medidas que vão contra os objetivos da própria autoridade.
"Apesar do treino e da experiência, os oficiais das NST estão, no geral, a parar e revistar indivíduos a um nível insatisfatório de complacência", explicou Denerstein, citado pela ABC News.
Denerstein apontou, após analisar uma amostra aleatória das equipas de segurança, em 10 bairros, que "mais de 97% das pessoas abordadas eram negras ou hispânicas", com aproximadamente 93% a serem homens. Um quarto das revistas realizadas não foram consideradas razoáveis perante o grau reduzido de suspeitas, e um terço não tinha uma base legal.
O relatório acrescenta ainda que as unidades têm aumentado revistas aleatórias, no âmbito da política de 'parar e revistar' (do inglês, 'stop and frisk'), uma tática que foi implementada pelo antigo mayor, Rudi Giuliani, e que foi considerada inconstitucional após ter-se verificado que uma esmagadora maioria das pessoas revistadas eram negras ou hispânicas, e eram quase sempre inocentes.
Sobre este relatório, a polícia de Nova Iorque disse, em comunicado, que "está a rever o relatório", mas adianta que "discorda das conclusões do monitor sobre alguns dos encontros que a equipa reviu". "As NST interagem com o público de forma constitucional e cívica e, desde a implementação do programa que tem sido instrumental para a redução de tiroteios e homicídios na cidade", garantem as autoridades.
As NST foram descontinuadas em 2020 após os protestos em massa contra a morte de George Floyd pela polícia norte-americana, um homicídio que despoletou manifestações antirracistas nos EUA e no mundo e que gerou uma grande discussão global sobre a violência policial e as reparações do colonialismo.
No entanto, o democrata Eric Adams, que tomou posse como mayor de Nova Iorque em 2022, tem protagonizado um mandato com maior ênfase e importância para as forças policiais da cidade, escudando-as de várias críticas em casos de violência excessiva, até contra jornalistas durante a cobertura dos recentes protestos pela morte de Jordan Neely (uma pessoa sem abrigo que foi morta no metro por um civil).
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