O executivo da Etiópia, liderado pelo primeiro-ministro e nobel da Paz Abiy Ahmed, assegura que aquelas acusações não são apoiadas por "quaisquer provas".
Num relatório publicado a 01 de junho, a organização de defesa dos direitos humanos afirma que as unidades paramilitares e as milícias da região vizinha de Ahmara continuam a "expulsar à força os habitantes do Tigray" da zona ocidental daquela região "como parte de uma campanha de limpeza étnica".
A HRW "publicou estas acusações sem efetuar uma investigação rigorosa e credível nas áreas em causa" e aquelas "não estão apoiadas por quaisquer provas", afirmou o Serviço de Comunicações do Governo etíope em comunicado.
O acesso ao Tigray Ocidental, bem como a toda a região do Tigray e Amhara, está proibido aos jornalistas, sendo impossível verificar a situação no terreno.
"Esta descrição distorcida e enganadora da situação tem por objetivo minar a coexistência pacífica, alimentar os conflitos interétnicos e impedir os esforços nacionais de paz e reconciliação na Etiópia", continuou o governo.
Um acordo assinado em novembro, em Pretória, pelo governo federal etíope e pelas autoridades regionais rebeldes de Tigray pôs fim a dois anos de guerra brutal no norte da Etiópia.
As forças paramilitares e milícias Amhara tinham apoiado o exército federal etíope contra as autoridades rebeldes de Tigray e, no início da guerra, assumiram o controlo de Tigray Ocidental, uma área administrativamente ligada ao Tigray mas que os Amhara consideram ser a sua terra ancestral.
O Tigray Ocidental foi um dos pontos sensíveis que ficaram por resolver no acordo de Pretória. As forças de Amhara descrevem a questão como uma "linha vermelha" e mantêm o seu controlo nessa zona, apesar do acordo, enquanto as autoridades da outra região não tencionam ceder esta parte do território.
O Governo federal salienta que iniciou um processo de consultas nacionais com vista à criação de um processo de justiça transitório, tal como previsto no acordo de Pretória.
"O processo de justiça de transição permitirá uma investigação completa. A verdade será dita e os culpados pelos crimes serão responsabilizados", garante.
O responsável recorda ainda que, em 2021, foi possível uma investigação conjunta do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos e da Comissão Etíope dos Direitos Humanos (EHRC) - uma instituição pública estatutariamente independente.
No entanto, desde então, o Governo etíope recusou, no ano passado, o acesso de uma comissão internacional de peritos da ONU ao norte da Etiópia.
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