Milhões de pessoas (a região tem cerca de 75 milhões de habitantes) continuam em alerta para o risco de inalação de ar potencialmente nocivo, proveniente das centenas de incêndios florestais no Canadá, cuja nuvem de fumo é visível através dos satélites da agência espacial norte-americana, NASA.
Em comunicado, a NASA explicou que, embora o fumo dos incêndios florestais canadianos passe várias vezes sobre os Estados Unidos durante o verão tal não é percebido porque acontece a uma altitude relativamente elevada na atmosfera e porque os ventos deslocam normalmente o fumo para leste e para o mar.
Não é o que está a acontecer agora, resultado de um fenómeno meteorológico conhecido como "baixa pressão costeira", devido ao qual o fumo foi arrastado para sul e leste dos Estados Unidos e degradou a qualidade do ar junto ao solo que milhões de pessoas respiram.
"A poluição de fumo à superfície de Nova Iorque para a região de DC é a mais significativa desde julho de 2002, quando ocorreu uma situação semelhante", afirmou o cientista da NASA Ryan Stauffer.
Em comunicado, o Presidente dos EUA, Joe Biden, apelou à população para que verifique regularmente a qualidade do ar no local onde se encontra através da página na internet da Agência de Proteção Ambiental.
"Mantenha-se seguro e siga as instruções das autoridades locais", recomendou o Presidente, acrescentando que o que aconteceu foi "apenas mais um alerta dos impactos das alterações climáticas".
Depois das imagens insólitas divulgadas na quarta-feira de edifícios emblemáticos como o "Empire State Building" rodeados por uma nuvem de fumo laranja, o Capitólio dos Estados Unidos, em Washington, "acordou" hoje envolto também numa cortina de fumo.
Numa conferência de imprensa, a presidente da Câmara da capital, Muriel Bowser, confirmou que a cidade subiu hoje o nível de alerta, para o mais elevado.
A responsável aconselhou a população a não permanecer ao ar livre, e a usar máscara se tiver de o fazer.
De acordo com o diretor da Agência de Segurança Interna e Gestão de Emergências (HSEMA), Christopher Rodriguez, só no final de sexta-feira é que a qualidade do ar começará a "melhorar significativamente", graças à mudança dos ventos.
Christopher Rodriguez observou que as escolas públicas da capital cancelaram todas as atividades ao ar livre, assim como o Departamento de Parques e Recreação.
Devido à má qualidade do ar, a Casa Branca cancelou hoje um evento para celebrar o orgulho gay, planeado para ter lugar no relvado sul da mansão presidencial e que contaria com a participação da cantora Betty Who.
A qualidade do ar em Nova Iorque começou a melhorar ligeiramente na manhã de hoje, embora continue a situar-se num nível "muito pouco saudável".
O comissário de Saúde pediu aos cidadãos que não saíssem à rua a não ser que fosse "absolutamente necessário" e recomendou a utilização de máscaras para os que têm de fazer atividades ao ar livre.
Filadélfia e Harrisburg, na Pensilvânia, e outras grandes cidades como Baltimore, Newark, Pittsburgh, Detroit, Cleveland, Cincinnati e Indianápolis são hoje também das mais afetadas.
Os problemas de visibilidade causados pelo fumo nos céus da região levaram a Administração Federal de Aviação a suspender temporariamente os voos para Filadélfia e LaGuardia e a atrasar todos os voos para Newark.
Embora tenham sido registados atrasos ao longo da manhã, houve poucos cancelamentos nestes aeroportos até ao momento, de acordo com dados da página de acompanhamento do tráfego aéreo "FlightAware".
No Canadá, embora a qualidade do ar tenha melhorado no início de hoje, o Serviço Meteorológico previu que o indicador voltará a cair para níveis de "risco elevado" em cidades como Toronto no final do dia.
Na área metropolitana de Toronto, onde vivem mais de seis milhões de pessoas, um sétimo da população canadiana, as autoridades recomendam que os idosos, as crianças e as pessoas com problemas de saúde reduzam as atividades no exterior que impliquem esforço físico.
Dos cerca de 400 incêndios florestais ativos no país, quase metade está fora de controlo. Só na província do Quebeque há 150 incêndios florestais.
Joe Biden insistiu hoje na sua oferta ao primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, do seu "apoio incondicional" para responder aos incêndios e recordou que mais de 600 bombeiros americanos já foram destacados para a zona.
Os últimos dados das autoridades canadianas indicam que desde janeiro as chamas consumiram 3,8 milhões de hectares de floresta, quando a média desde 1990 é de que os incêndios florestais queimem um total de 2,5 milhões de hectares por ano.
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