"Anunciamos com tristeza a passagem para a glória eterna do presidente da FSD, John Fru Ndi, no dia 12 de junho, às 23:30, em Yaoundé, após uma doença prolongada", disse o partido num comunicado.
O vice-presidente da FSD, Joshua Osih, que assina o comunicado, acrescentou que "o programa das exéquias será anunciado assim que estiver fixado", segundo a agência espanhola Europa Press.
Fru Ndi, nascido na cidade de Bamenda, foi um dos rostos mais visíveis da oposição ao Presidente camaronês, Paul Biya, 90 anos, no cargo desde 1982.
Bamenda é a capital da região Noroeste, uma das duas regiões de maioria anglófona do país, em conflito desde 2017.
Fru Ndi ficou em segundo lugar nas eleições presidenciais de 1992, obtendo 36 por cento dos votos.
Em 1997, optou por boicotar as eleições, e voltou a ficar em segundo lugar em 2004 e 2011.
O líder da oposição denunciou fraudes eleitorais em 2011, e apelou a Biya para que anulasse os resultados, sem sucesso.
Renunciou à candidatura presidencial em 2018, na sequência das duras críticas ao Governo pela gestão da crise nas regiões maioritariamente anglófonas, onde operam grupos separatistas armados.
Fru Ndi foi raptado em abril de 2019, durante uma visita a Kumbo, na região Noroeste, tendo sido libertado dias depois.
Milicianos separatistas da Ambazónia que lutam pela independência em relação aos Camarões disseram que o objetivo do rapto era poder falar com Fru Ndi sobre o conflito nesta parte do país.
Em 2020, a oposição anunciou o boicote às históricas eleições regionais, enquadradas pela promessa de descentralização de Biya.
A votação foi também boicotada pelo líder do Movimento para o Renascimento dos Camarões (MRC), Maurice Kamto, segundo mais votado nas eleições presidenciais de 2018.
Nos últimos meses, tinham aumentado as especulações sobre a saúde de Fru Ndi, depois de ter sido submetido a uma cirurgia num hospital da cidade suíça de Genebra.
Situados na região ocidental da África Central, os Camarões foram colonizados pela Alemanha no século XIX, mas foram divididos pela França e pelo Reino Unido após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
A parte francesa tornou-se independente em 1960, com a parte britânica a juntar-se à nova república no ano seguinte.
O francês e o inglês são as línguas oficiais do país, que deve o nome a navegadores portugueses que chamaram à região rio dos camarões, no século XV.
A República dos Camarões, com mais de 30 milhões de habitantes, tem fronteiras com a República Centro-Africana, o Chade, a República do Congo, a Guiné Equatorial, o Gabão e a Nigéria.
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