De acordo com a agência de notícias Associated Press (AP), pelo menos 78 corpos foram recuperados do mar após um barco de pesca lotado de migrantes - que saiu da Líbia rumo à Itália - ter naufragado na costa sudoeste da Grécia na noite de terça-feira.
As operações de busca ao sul da região do Peloponeso, na Grécia, não conseguiram localizar mais corpos ou sobreviventes entre a noite de quarta-feira e o início do dia de hoje.
"As probabilidades de encontrar [mais sobreviventes] são mínimas", disse o almirante reformado da guarda costeira grega Nikos Spanos à televisão estatal ERT.
As equipas de resgate já salvaram 104 passageiros - incluindo egípcios, sírios, paquistaneses, afegãos e palestinianos -, mas as autoridades temem que centenas de outros possam ter ficado presos debaixo do convés do navio.
"Os sobreviventes estão numa situação muito difícil. No momento, estão em estado de choque", declarou à AP Erasmia Roumana, chefe da delegação da Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), depois de encontrar os migrantes resgatados no porto de Kalamata, no sul da Grécia.
"Eles querem entrar em contacto com as suas famílias para dizer que estão bem e continuam a perguntar sobre os desaparecidos. Muitos têm amigos e familiares desaparecidos", declarou Erasmia Roumana.
A Grécia declarou três dias de luto e os políticos suspenderam a campanha para as eleições gerais de 25 de junho.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse estar "profundamente triste" com a tragédia e prometeu fortalecer a cooperação entre a União Europeia (UE) e os países vizinhos para tentar reprimir ainda mais o tráfico de migrantes.
Entretanto, os grupos de direitos humanos argumentaram que mais repressão irá levar os migrantes e refugiados a procurarem rotas mais longas e perigosas para chegar a países seguros.
Uma fotografia aérea do navio antes de afundar, divulgada pelas autoridades gregas, mostrava pessoas amontoadas no convés. A maioria não usava coletes salva-vidas.
A guarda costeira da Grécia disse ter sido notificada pelas autoridades italianas sobre a presença do barco de pesca em águas internacionais.
As autoridades gregas disseram que os esforços dos seus próprios barcos e navios mercantes para ajudar o pesqueiro foram repetidamente rejeitados, com pessoas a bordo a insistir que pretendiam continuar a viagem para a Itália.
"Estamos a testemunhar uma das maiores tragédias do Mediterrâneo e os números anunciados pelas autoridades são devastadores", afirmou Gianluca Rocco, chefe da secção grega da Organização Mundial para as Migrações (OIM).
Vinte e nove dos sobreviventes estão hospitalizados, a maioria com sintomas de hipotermia, enquanto outros oito foram interrogados por investigadores da guarda costeira. Funcionários do Governo grego disseram que os sobreviventes serão transferidos entre hoje e sexta-feira para um abrigo para migrantes perto de Atenas.
O local do naufrágio fica perto da parte mais funda do Mar Mediterrâneo, com profundidades de até 5.200 metros, o que pode dificultar qualquer esforço para localizar o navio afundado.
A OIM disse que os relatórios iniciais sugeriam que até 400 pessoas estavam a bordo. Uma rede de ativistas disse ter recebido um pedido de socorro de um barco na mesma área com 750 pessoas.
A agência da ONU registou mais de 21.000 mortes e desaparecimentos no Mediterrâneo central desde 2014.
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