Guterres coloca prevenção no centro do combate ao terrorismo
O secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu hoje a "prevenção" como abordagem "mais eficaz" contra a ameaça do terrorismo, pedindo aos Estados-membros enfoque nas condições subjacentes que levam à radicalização.
© FABRICE COFFRINI/AFP via Getty Images
Mundo Terrorismo
No arranque da semana antiterrorismo da Organização das Nações Unidas (ONU) - um encontro bienal de Estados-membros e parceiros internacionais de combate ao terrorismo -, Guterres afirmou que os terroristas aproveitam-se das vulnerabilidades locais e da instabilidade dos sistemas políticos, económicos e de segurança, frisando que a "pobreza, as desigualdades e a exclusão social alimentam" esse tipo de crime.
"O preconceito e a discriminação direcionados a grupos, culturas, religiões e etnias específicas inflamam o terrorismo. E atividades criminosas como branqueamento de capitais, mineração ilegal e tráfico de armas, drogas, antiguidades e seres humanos fornecem o seu financiamento. O terrorismo apodrece nas crises complexas que engolem o nosso mundo", disse.
De acordo com o ex-primeiro-ministro português, o terrorismo tem destruído os baluartes construídos ao longo de décadas, com os direitos humanos -- e a própria Carta da ONU -- a "serem desrespeitados impunemente".
Embora reconhecendo alguns avanços no combate a este flagelo ao longo dos anos, Guterres observou que o terrorismo e o extremismo violento continuam a enraizar-se e crescer, dando como exemplo os afiliados da Al-Qaeda e do Da'esh em África, que estão a ganhar terreno rapidamente em lugares como o Sahel e a avançar para o sul em direção ao Golfo da Guiné.
Além disso, reiterou que movimentos neonazis e de supremacia branca estão a tornar-se as principais ameaças à segurança interna em vários países.
Instando a um posicionamento coordenado contra esta ameaça global, o líder da ONU enumerou quatro áreas essenciais para serem debatidas ao longo desta "semana antiterrorismo", dando especial destaque à questão da prevenção.
"Prevenção significa mais do que apenas frustrar ataques e interromper planos. Significa abordar as condições subjacentes que podem levar ao terrorismo em primeiro lugar -- como pobreza, discriminação, descontentamento, infraestruturas e instituições fracas e violações grosseiras dos direitos humanos. Prevenção também significa inclusão", defendeu.
Exortou ainda ao fortalecimento da Estratégia Global da ONU Contra o Terrorismo e à colocação dos direitos humanos no centro de todas as estratégias, incluindo esforços de repatriação, os quais considerou uma questão "de decência humana e compaixão, mas também de segurança".
Por último, o secretário-geral aproveitou este encontro de alto nível para pedir mais financiamento para esta causa, alertando que algumas das contribuições fixas para a ONU não estão a ser pagas.
"Este défice terá sérias implicações -- tanto para os nossos esforços de manutenção da paz, como para o Escritório de Contraterrorismo da ONU. Apelo a todos os Estados-membros para que cumpram os seus compromissos de financiamento e garantam que temos os recursos para ajudar a enfrentar este desafio comum", disse.
Ao longo desta semana espera-se que a reunião plenária da Assembleia-Geral da ONU adote uma resolução de estratégia global de contraterrorismo.
Além da terceira conferência de alto nível das Nações Unidas para combate ao terrorismo, a ONU terá ainda 40 eventos paralelos dedicado ao tema, com a presença de organizações intergovernamentais, da sociedade civil, academia e setor privado.
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