Pelo menos 20 mortos em ataques nos últimos dias na Nigéria
Pelo menos 20 pessoas morreram desde domingo no centro da Nigéria em novos confrontos entre comunidades agrícolas e de pastores, disse hoje a polícia, no dia em que o Presidente anunciou uma remodelação nas chefias das forças de segurança.
© AFP via Getty Images
Mundo Nigéria
Nas últimas semanas, o estado central de Plateau registou um forte aumento das tensões e dos conflitos mortais entre comunidades de pastores e agricultores, que lutam pela utilização das terras e dos recursos hídricos. As tensões foram exacerbadas nos últimos anos pela pressão demográfica e pelas alterações climáticas.
Desde meados de maio, pelo menos 140 pessoas foram mortas em ataques violentos e mais de 3.000 fugiram dos confrontos.
O mais recente ataque foi levado a cabo por uma alegada milícia de pastores que invadiu várias aldeias no distrito de Barkin Ladi, disse à agência France-Presse o porta-voz da polícia de Plateau, Alfred Alabo, na segunda-feira à noite.
"Em Barkin Ladi, recebemos informações de que cerca de 15 pessoas perderam a vida" no domingo e "outras cinco foram enterradas" na segunda-feira, "elevando o número total para 20", especificou.
O estado de Plateau é frequentemente palco de tensões intercomunitárias e de repetidos ataques entre pastores muçulmanos Fulani e comunidades agrícolas predominantemente cristãs, nomeadamente nos distritos de Mangu, Barkin Ladi e Riyom.
O governador do estado de Plateau, Caleb Manasseh Mutfwang, apelou às forças de segurança para que pusessem termo ao "derramamento de sangue e ao incêndio de propriedades".
Cinco agricultores já tinham sido mortos na sexta-feira. Outros oito foram depois mortos a tiro em alegadas represálias, de acordo com um líder da comunidade Berom. A polícia confirmou 13 mortes nestes ataques.
A vaga de assassinatos e represálias deu origem a uma criminalidade mais alargada na região, com bandos a realizarem ataques seletivos a aldeias onde matam dezenas de aldeões, saqueiam e raptam para obterem resgate.
O novo Presidente da Nigéria, Bola Tinubu, que tomou posse no final de maio no país mais populoso de África e na maior economia do continente, prometeu fazer da luta contra a insegurança a sua "principal prioridade".
E anunciou hoje uma remodelação no topo das hierarquias das forças de segurança, incluindo mudanças no comando do exército, marinha, força aérea e polícia, face ao aumento da insegurança devido a ataques de grupos terroristas e bandos criminosos armados.
Tinubu aprovou "a reforma imediata de todos os chefes de serviço e do inspetor-geral da polícia, dos conselheiros e do diretor das alfândegas (...) com efeitos imediatos", segundo um comunicado emitido pelo diretor de informação do gabinete presidencial junto do governo, Willie Bassey.
O Presidente nomeou Mallam Nuhu Ribadu como conselheiro de Segurança Nacional, enquanto Christopher Gwabin Musa será o chefe das Forças Armadas.
Além disso, Taoreed Abiodun Lagbaja será o novo chefe do Exército, enquanto Ikechukwu Ogalla chefiará a Marinha e Hassan Bala Abubakar a Força Aérea.
Tinubu nomeou também Kayode Egbetoukun como inspetor-geral da Polícia e Emmanuel Parker Akomaye Undiandeye como chefe dos serviços secretos, substituindo os comandantes dos batalhões em vários estados, segundo o jornal nigeriano Daily Post.
As mudanças ocorrem cerca de duas semanas depois de o novo Presidente ter-se reunido com os responsáveis máximos das forças de segurança e ter apelado aos dirigentes destas agências para trabalharem em conjunto na luta contra o terrorismo, a insegurança e a pirataria, entre outras questões.
O nordeste da Nigéria é palco de frequentes ataques do Boko Haram e da sua ramificação, o Estado Islâmico na África Ocidental (ISWAP).
Nos últimos meses, a insegurança alastrou a outras zonas do norte e do noroeste do país, o que suscita preocupações quanto à possível expansão destas redes terroristas e criminosas, muitas das quais vivem do pagamento de resgates.
Além disso, nos últimos anos, registou-se um aumento dos confrontos intercomunitários, especialmente no centro da Nigéria, devido a disputas pelo controlo das terras como resultado da desertificação e da deslocação de populações causada pelos ataques terroristas no norte da Nigéria.
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