"Falei com os comandantes que me disseram que se trata de um levantamento militar para onde foram levados todos os combatentes do Grupo Wagner", começou por dizer Putin ao país.
"Aquele que organizou e preparou a rebelião militar traiu a Rússia e vai responder por isso", declarou Putin.
Putin não identificou Prigozhin pelo nome e quis distingui-lo das forças do grupo Wagner, pedindo "àqueles que foram pressionados a provocar esta rebelião militar" para depor as armas, no que denunciou como uma "punhalada" nas tropas russas e no povo.
"As nossas ações para defender a pátria desta ameaça serão muito duras e os responsáveis serão levados à justiça", afirmou o presidente russo.
Putin garante que não vai permitir uma "guerra civil"
Vladimir Putin afirmou que a rebelião do grupo paramilitar Wagner é um "ameaça mortal" ao Estado russo e garantiu que não vai "deixar" uma "guerra civil" acontecer, apelando à "unidade".
"Devemos pôr de parte todos os confrontos e zangas entre nós, para que não nos destruam a partir de dentro", disse, tecendo acusações contra a máquina económica e contra a propaganda do Ocidente.
"Quem luta contra a nossa unidade, luta contra o povo", acrescentou.
O chefe de Estado russo admitiu que o país está a travar "a batalha mais difícil pelo seu futuro".
"Qualquer turbulência interna é uma ameaça mortal ao nosso Estado como nação; representa um golpe para a Rússia, para o nosso povo e para as ações que estamos a tomar para proteger a nossa pátria", sustentou.
Condenando a rebelião num momento em que a Rússia está "a travar a batalha mais difícil pelo seu futuro", com a guerra na Ucrânia, Putin acusou: "Toda a máquina militar, económica e de informação do Ocidente está contra nós".
"Esta batalha, quando o destino do nosso povo está a ser decidido, requer a união de todas as forças, união, consolidação e responsabilidade. Uma rebelião armada num momento como este é um golpe para a Rússia, para o seu povo", disse.
O presidente russo lembrou que algo semelhante aconteceu em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial, quando "roubaram a vitória" à Rússia através de "intrigas, fofocas, politiquices pelas costas do povo" que levaram à desintegração do Estado e à perda de enormes territórios.
"Como resultado, a tragédia da guerra civil, russos matando russos, irmãos matando irmãos, enquanto vários aventureiros políticos tiravam vantagens pessoais e forças estrangeiras despedaçavam o país. Não permitiremos que isso aconteça novamente, defenderemos o nosso povo e o nosso Estado de qualquer ameaça", acrescentou.
Situação em Rostov "é difícil"
"Serão tomadas medidas decisivas para estabilizar a situação em Rostov. Continua difícil", admitiu Putin.
O presidente russo afirmou que o funcionamento dos "órgãos de administração civil e militar está de facto bloqueado" naquela cidade, no sul da Rússia, onde está localizado um quartel-general militar que está diretamente relacionado com a ofensiva russa na Ucrânia.
Recorde-se que o chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, apelou na sexta-feira a uma rebelião contra o comando militar da Rússia, que acusou de atacar os seus combatentes.
Hoje de manhã, Prigozhin anunciou que o grupo paramilitar controla as instalações militares e o aeródromo de Rostov, uma cidade-chave para o ataque da Rússia à Ucrânia.
O líder do grupo paramilitar Wagner disse ter 25.000 soldados às suas ordens e prontos para morrer, instando os russos a juntarem-se a estes numa "marcha pela justiça".
Prigozhin acusara antes o Exército russo de realizar ataques a acampamentos dos seus mercenários, causando "um número muito grande de vítimas", acusações negadas pelo Ministério da Defesa da Rússia.
[Notícia atualizada às 09h31]
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