Os combatentes do grupo Wagner estão "prontos para morrer", afirmou, este sábado, Yevgeny Prigozhin, que assegurou que "ninguém se vai entregar a pedido do presidente" da Rússia, Vladimir Putin.
Numa mensagem divulgada na rede social Telegram, o líder do grupo Wagner mostrou firmeza na rebelião em curso no país.
"Estamos todos prontos para morrer. Todos os 25.000 e depois outros 25.000", disse Yevgeny Prigozhin. "Estamos a morrer pelo povo russo", acrescentou.
Mais tarde, numa mensagem de áudio, Prigozhin comentou o discurso de Vladimir Putin, naquela que foi a primeira vez que se dirigiu diretamente ao presidente russo.
O líder do grupo Wagner disse que Putin "estava profundamente enganado" ao acusá-lo de traição.
"No que diz respeito à traição à pátria, o presidente enganou-se profundamente. Somos patriotas. Lutámos e lutamos (...) e ninguém se vai entregar por exigência do presidente, do Serviço de Segurança Federal ou de quem quer que seja", afirma Prigozhin num novo áudio publicado no seu canal do Telegram.
"Somos patriotas e aqueles que estão contra nós são os que se reuniram em torno dos bastardos", rematou.
O líder do grupo Wagner garantiu que os seus combatentes "não se renderão", afirmando que ele e os seus homens não querem que "o país continue a viver imersos na corrupção, na mentira e na burocracia".
"Quando combatemos em África, disseram que precisávamos de África e depressa a abandonaram porque roubaram todo o dinheiro destinado às ajudas", disse.
Prigozhin destacou ainda que, quando a campanha na Ucrânia começou, os combatentes do grupo Wagner foram combater, "mas o facto é que as munições, o armamento e todo o dinheiro que lhes eram destinados também foram roubados".
"Em contrapartida, os funcionários poupam em seu benefício, para casos como o de hoje, em que alguém avança sobre Moscovo. Agora não poupam em nada: atacam colunas pacíficas com aviões e helicópteros", denunciou.
O chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, reivindicou hoje a ocupação de Rostov, cidade-chave no sul da Rússia para guerra na Ucrânia, e apelou a uma rebelião contra o comando militar russo, que acusou de atacar os seus combatentes.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, qualificou a ação do grupo paramilitar de rebelião, afirmando tratar-se de uma "ameaça mortal" ao Estado russo e uma traição, garantindo que não vai deixar acontecer uma "guerra civil".
Prigozhin acusara antes o Exército russo de atacar acampamentos dos seus mercenários, causando "um número muito grande de vítimas", acusações negadas pelo Ministério da Defesa da Rússia.
As acusações de Prigozhin expõem profundas tensões dentro das forças de Moscovo em relação à ofensiva na Ucrânia.
[Notícia atualizada às 11h39]
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