Fontes da Guarda Civil espanhola revelaram hoje, no primeiro aniversário da invasão na fronteira de Melilla em que morreram dezenas de pessoas, que os migrantes subsaarianos têm vindo a optar por mudar as formas de tentar entrar na cidade, após as tentativas de entrada em grupos grandes se tornaram frequentes, segundo a agência Efe.
Nos 8,2 quilómetros de fronteira terrestre que, no Norte de África, separam de Marrocos a cidade autónoma de Ceuta, houve apenas uma tentativa neste ano.
A tentativa foi registada a 14 de abril, quando mais de 200 imigrantes subsaarianos tentaram entrar, mas ficaram retidos em Marrocos.
Em 2021 registam-se duas grandes tentativas: uma a 13 de abril, envolvendo mais de 60 migrantes, e outra a 7 de outubro, em que intervieram mais de 300 migrantes, sem que nenhum conseguisse saltar a vedação dupla, a dez metros de altura.
Os anos de 2017 e 2018 foram os que registaram o maior número de tentativas de entrada em grupos importantes, com mais de uma dezena em cada ano.
A Guarda Civil alertou que atualmente os migrantes subsaarianos saltam a cerca dupla em pequenos grupos de uma a três pessoas, produzindo constantemente as chamadas entradas 'a conta-gotas'.
Segundo a Euronews, centenas de manifestantes reuniram-se hoje no enclave espanhol de Melilla, na fronteira com Marrocos, para assinalar o primeiro aniversário da tentativa de entrada no território na qual morreram dezenas de pessoas.
Dados da Amnistia Internacional (AI), revelados no âmbito do primeiro aniversário do caso ocorrido na fronteira de Marrocos com Melilla, indicam que pelo menos 37 migrantes morreram e 76 desapareceram.
A Amnistia Internacional indica que cerca de 2 mil migrantes originários da África subsariana tentaram subir o muro fronteiriço que separa Marrocos da cidade espanhola de Melilla a 24 de junho de 2022 e que foram repelidos pela força, agredidos e baleados, tendo-lhes sido negada assistência médica pelas forças de segurança do posto fronteiriço do Bairro Chinês de Melilla.
"Um ano após a carnificina de Melilla, as autoridades espanholas e marroquinas não só continuam a negar qualquer responsabilidade, como estão a impedir tentativas para esclarecer a verdade. Há cadáveres numa morgue e sepultados [em Marrocos], e os esforços para identificar os mortos e informar os seus familiares foram bloqueados", disse Agnès Callamard, secretária-geral da organização não-governamental de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional.
Ativistas de direitos humanos do Magrebe condenaram hoje a política migratória da União Europeia (UE) durante uma reunião em Marrocos.
Reunidos no norte de Marrocos, os participantes no Fórum Social Magreb sobre as Migrações (FSMM) disseram "recusar a pressão europeia para a exteriorização das fronteiras europeias e as expulsões em massa de migrantes e requerentes de asilo", segundo um comunicado citado pela AFP.
Os ativistas denunciaram "a abordagem de segurança responsável por muitas mortes e desaparecimentos de migrantes e requerentes de asilo" e "racismo de Estado na região do Euro Magreb".
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